domingo, 19 de abril de 2015

Saberei chorar na hora certa


Aberta em cruz, a cidade
engole seus presságios;
ergue sua cabeça nua,

sua fronte suspensa sobre
a fome e a omoplata.

Nunca a desprezo ou subestimo
suas sandálias em carne viva.
Cáusticas, curtidas onde o ranço
é moeda que o tempo não paga.

(a luz metálica das seis
e o chão enclausurado sob medida).

Este descanso que por vezes
se diz crepúsculo.

Noutras, tocaia.

(Nathan Sousa)
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foto: "tragadas" de Paulo Tabatinga




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