(Edmar Oliveira)
Eu nunca acreditei muito naquela história da explosão
inicial do Universo, mas tinha o Big-Bang como um dogma científico. Sim, porque
se os ateus não creem nos dogmas religiosos, eles precisam acreditar nos dogmas
científicos, aos quais não compreendem, mas alguns cérebros mais evoluídos
endossam a crença. Algo assim como se teu cérebro tivesse uma evolução ainda
paralisada no elo perdido, a explicação que falta para compreendermos a
evolução do macaco ao homem.
Deixemos de macaquices e voltemos a explosão inicial – o Big
Bang –, cuja explosão inaugura o universo que pensamos conhecer. Ocorre que os
cálculos dos cientistas maravilhosos e suas teorias voadoras descobriram,
recentemente, que alguns quasares parecem existir desde muito antes que os
cálculos da explosão inaugural.
E, ao invés de refazerem os cálculos que parecem ser
incompatíveis e também parece não ter solução para o problema, imaginam agora
que o Big-Bang pode não ter ocorrido e o universo existiria desde sempre. Ora,
que não tenha fim nos parece ser mais fácil acreditar, até porque gostaríamos
de não morrer. Mas como não ter princípio? O universo sempre existiu? Mas esse
não era o Deus dos crentes? Não dá pra ter nem umas explosõezinhas aqui e ali
para acertar os cálculos que foram atrapalhados pelos quasares? O universo não
começou e nem termina?
Não, essa trapalhada dos cientistas não me fará mais crente,
teimoso que sou em desacreditar. Prefiro concordar com Mário Quintana que o
Tempo é uma invenção da Morte. Ele engole tudo para acabar com o que existe. E
o Universo deve conter o Tempo para não ser engolido por ele. A poesia me é mais
explicativa que a ciência ou a religião.
____________
Poema do Quitana sobre o Tempo:
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não
consultem os relógios
quando um
dia eu me for de vossas vidas
em seus
fúteis problemas tão perdidas
que até
parecem mais uns necrológios...
Porque o
tempo é uma invenção da morte:
não o
conhece a vida - a verdadeira -
em que basta
um momento de poesia
para nos dar
a eternidade inteira.
Inteira,
sim, porque essa vida eterna
somente por
si mesma é dividida:
não cabe, a
cada qual, uma porção.
E os Anjos
entreolham-se espantados
quando
alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes
indaga que horas são...
(Mário
Quintana, in 'A Cor do Invisível')
Nenhum comentário:
Postar um comentário