domingo, 8 de fevereiro de 2015

rio seco


Lembro de quando naveguei este rio nos vapores de Palmeirais. Navios de ferro fundido que a queima de lenha (depois o diesel) movimentavam gigantescas pás laterais singrando as profundas e caudalosas águas do Parnaiba. Em camarotes ou redes nos convés viajantes acompanhavam as margens de canaranas, pescadores em pequenas canoas e, nos portos, as mulheres batiam roupa e secavam no quarador. 
Hoje o rio morre asfixiado em bancos de areia. A reserva hídrica da minha terra se esvai.
A capital do Piauí se encostou no Rio porque ele era o caminho que levava ao litoral e ao fundo do sertão, no interior. Até hidroavião pousou nas suas águas.
Hoje esquecido morre numa cidade que não cuida da sua história.
Só a saudade pode atestar o que foi outrora um Parnaíba que agoniza no cais de uma cidade que não mais o quer.

(Edmar)
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Foto roubada de Kenard Kruel Fagundes me fez escrever este texto num celular.

Um comentário:

José Pedro Araújo disse...

Texto curto, verdade infinita. Não se concebe tanto descaso com o mais importante dos nossos mananciais. Entra governo, sai governo, e entra novamente, e nem uma palha é movida no sentido de salvar a calha fluvial que abastece o nosso pote. Sim, porque a maior parte da população piauiense bebe diretamente da água desse rio. se esses caras não cuidam nem da água que bebem, o farão de positivo para a população? Nem a crise paulistana é motivo de alerta. Benza-te Parnaíba!