Agora,
teus mitos entram na fila
por um cigarro. Houve
um dia uma lança
e um reino,
cujas lendas reprisam
os povos e o mármore.
Devagar,
as inscrições se apagam
na balbúrdia do efêmero;
e estátuas de sombras
jantam teu crepúsculo.
Resta o som da memória
sob a escória que nos arrasta;
resta o arresto do sonho.
(E um certo mar
que nos grafou
tua alma mediterrânea.)
Ouvem-se fanfarras;
ouvem-se cantos litúrgicos
aos novos deuses do níquel.
Cuja insânia e acídia,
secam os olhos de Homero.
SALGADO MARANHÃO
(Do livro Ópera de Nãos)
________________________
desenho de Antonio Máximo (Iemanjá)
Nenhum comentário:
Postar um comentário