(Geraldo Borges)
Esta historia de dar titulo a
romance é um pouco complicada. Mas se formos
pesquisar os primórdios da nossa literatura, quero dizer, da
literatura ocidental, iremos encontrar a
fonte onde podemos beber os ensinamento da titulação. Que é o de titular o
romance com o nome de seu herói o personagem principal.
Este modelo vem historicamente da
tradição de Miguel Cervantes (1547 – 1616) um dos pilares da formação do
romance europeu, com a publicação de Dom Quixote, mais propriamente: O
Engenhoso Hidalgo Dom Quixote de La Mancha,
todo grande romance adotou como
bandeira o nome de seu herói. Podemos
oferecer muitos exemplos ao longo da história da literatura de ficção, tanto na
Europa como na Rússia que sofreu grande
influencia cultura do Velho Continente, estendendo –se depois para a America do
Norte, e posteriormente para o Brasil e America Espanhola.
Seguindo, mais ou menos, uma
ordem cronologia, sem muito rigor, poderíamos citar outro precursor do romance ocidental. Trata-se
de Daniel Defoe (1660 – 1731), autor do romance
Robison Crusoe, um romance que vale a pena ser lido e relido, pois
reflete a corri da para a colonização do Novo Mundo, é um clássico. Enriqueceu-nos
também com o romance Moll Flandres, historia
de uma anti-heroína, contada na primeira pessoa.
Podemos incluir nessa lista de escritores Henry
Fielding (1707 – 1754 ) com a sua grande obra
intitulada Tom Jones, dando relevância ao seu personagem principal.
Não podemos também deixar de citar um dos grandes mentores de Machado de
Assis, com o qual ele aprendeu a fazer
digressões, e retardar a narrativa,, Laurence Stern , (1713 – 1768) com o seu celebre romance – A Vida e as
Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy.
No século dezenove o romance desenvolveu –se plenamente
e participou do banquete da burguesia, mesmo sendo um filho bastardo do
capitalismo, e lido de preferência por mulheres .E continuou expondo na capa os nomes de seus heróis ou anti – heróis, quase uma
biografia. Dando ênfase a individualidade
dos personagens, a caracterização
dos tipos O folhetim era o seu principal meio de expressão.
Charles Dickens (1812 – 1870 )
movimenta a vida literária da Inglaterra,
com seus grandes romances, - David Copperfield, Oliver Twist ; seus
romances são tão realistas que sensibilizaram a burguesia e a
nobreza da Inglaterra, a ponto de a
história de David abandonado pelas ruas de Londres impressionou de tal maneira os ingleses, que
contribuiu para a instituição de assistência à infância desvalida da Grã
Bretanha .
Vejamos como os
escritores franceses se comportavam
no exercício de dar titulo aos seus romances. Começamos por um dos mais ilustres romancista Frances , o genial
Honoré de Balzak, (1799 – 1850 ) Quem não
conhece Eugénie Grandet. Le Pére
Goriot, Le Colonel Chabert
e muitos outros personagens importantes que dão nome aos títulos de seus
romances.
Segue-se Gustavo Flaubert ( 1821 – 1880 ) autor de
Madame Bovary, romance realista que lhe valeu um processo. Perguntado no tribunal que era Madame Bovary . Disse.
Madame Bovary sou eu. Continuando na França. Quem não conhece o Conde de Monte Cristo de Alexandre
Dumas, e a Dama das Camélias de
Alexandre Dumas filho? E Jacques, o fatalista de Diderot?
Passemos agora para a America do Norte e
citemos Mark Twain (1835- 1910 ) autor de
As Aventuras de Tom Sawyer,
Huckieberry Finn. O tema é muito extenso
e vale a pena ser pesquisado .
Vamos agora para o Brasil.
Começando por Machado de Assis, ( 1839 – 1908). Os seus romances, da segunda
fase, quando abandona o romantismo, leva
o nome do personagem principal:
Dom Casmurro,, Quincas Borba Esaú e Jacó
. Memórias Póstumas de Brás Cubas r Memorial de Aires.
Outro ilustre romancista
brasileiro, Lima Barreto, (1821 – 1922) seguiu o meso ritmo da tradição,
criando personagens inesquecíveis que dão títulos aos seus romances; Vida e
Morte de M J Gonzaga de Sá, Clara dos Anjos, Triste Fim de Policarpo Quaresma,
Recordação do Escrivão Isaias Caminha.
Bom. Eu acho que a tradição de titular o
romance com o nome do personagem
principal ainda não faliu, pois o capitalismo privilegia a disputa pessoal, o
sucesso biográfico, se bem que
conhecemos na literatura brasileira
romances cujo o titulo simboliza uma comunidade embora a sombra do
personagem principal, como por exemplo o Cortiço de Aluísio de Azevedo. O
Ateneu de Raul Pompéia, São Bernardo de Graciliano Ramos; esse podia ser chamado
de Paulo Honório. Mas Graciliano sabia o que estava fazendo. Foi além da
individualidade do personagem. Deu lhe apenas
permissão para escrever a sua história e reconhecer o seu fracasso.
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