domingo, 5 de outubro de 2014

Dúvida existencial


(Edmar Oliveira)

Esses cientistas maravilhosos e suas pesquisas fascinantes descobriram que em certas savanas africanas, com alimentação escassa, o comportamento de algumas tribos de chimpanzés derruba o mito de que a violência entre eles só acontecia com a ação humana. Surpresos, alguns estudos mostram que há formação de simulacro de exércitos para combater outros grupos. Ataques de verdadeiras emboscadas e infanticídio com matança materna e estupros também acontecem. Tal qual o comportamento humano de genocídio étnico.

Quanto maior o número de machos numa comunidade, mais violenta ela é. A crueldade desmistificou a crença que tínhamos no altruísmo dos animais, desabafou um pesquisador.

Cá com meus botões, também fiquei deveras impressionado com a descrição de ataques e atos covardes de violência contra um semelhante. Pensava que esse era um comportamento estritamente humano, desde quando atingimos a glória da evolução e fomos expulsos do paraíso. Tinha pensado, até então, que a glória da evolução ou a expulsão do paraíso tinham feito de nós sujeitos da cultura, separados da natureza.

O ser humano, um macaco que não deu certo na integração da natureza, nasce completamente imaturo, ainda não humano, e assim se torna pelo auxilio de um outro que lhe dispensa cuidados maternais. Separado da natureza, pode subjugá-la dentro de códigos humanos que denominamos cultura. E por termos nos separado da natureza, podemos agredi-la, inclusive ao que resta em nós mesmo de natureza, com a guerra entre semelhantes da mesma espécie. Em nome da cultura, compreendemos o barbarismo da guerra. Parece contraditório, mas não é.

Mas lá na savana africana, a guerra e atos cruéis entre inocentes macaquinhos que deveriam estar integrados à natureza, tal comportamento me era completamente incompreensível. A menos que tenhamos descoberto o elo de ligação, exatamente a tribo da qual descendemos ou aqueles macacos descenderiam de uma tribo que renegou o alto da evolução e caminhe para a reintegração de seus membros à natureza e desejam ardentemente voltar ao paraíso.

Colossal dúvida existencial!  


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