(Edmar Oliveira)
A missa é hoje. Sei que não tenho competência para influenciar
ninguém. E se você já foi à missa cedo, quando você estiver lendo isso aqui já
empurrou o dedo na urna e fez a sua obrigação cívica, mesmo se contrariado.
Votou no deputado do seu estado, aquele em que você confia para elaborar e
votar as leis locais em obediência à constituição nacional. Depois apertou
quatro números para votar em quem vai fazer, representado o seu estado, parte
da legislação. Como temos duas câmaras você hoje terá escolhido um dos seus três
representantes no senado. Aqui no Rio, dois que foram eleitos para o Senado
disputam a governança sem por em risco seus mandatos: Lindinho e Crivella. Mas
estávamos falando da urna e o voto é grande: primeiro digitou dois números para
votar no governador e depois mais dois números para o maior cargo executivo do
país, o de presidente da nação. Como não somos parlamentaristas, este voto
adquire uma grande expressão. E se você já ajudou a selar o destino de deputado
estadual, federal e senador, com os dois últimos votos você está escolhendo,
salve raras exceções, os dois mais votados que irão a um segundo turno. Isto é,
tem missa de novo daqui a 21 dias.
Nas eleições legislativas você terá que ter procurado, feito
Diógenes, com uma lanterna iluminar a face de um homem honesto. Confesso que as
minhas escolhas, e sempre sou exigente como Diógenes, raramente são eleitas.
Acerto um ou outro. Os ficha-sujas que sempre se elegem, para minha consciência
tranquila não são de minha responsabilidade. E isso é um grande alívio. Neste
ano, aqui no Rio, não existem, no meu critério, senadores com eleição viável
indicada pelas pesquisas merecedores do meu exigente voto de Diógenes. Votarei
em alguém que certamente não se elegerá. Portanto na eleição ao Senado, neste
ano, não verei um meu representante. Não sei se verei representantes nas
câmaras estadual e federal.
Para governador as pesquisas apontaram quatro candidatos
viáveis, que acho não serem merecedores da minha confiança. Votarei num
simpático professor feio e gordinho que vem conquistando a simpatia da
irreverência carioca. Se ele tiver dez por cento do eleitorado valeu a pena.
Portanto este não é um voto de protesto, mas de convicção. Aí em Teresina
parece que não vai ter segundo turno. Aqui acho que vou ter que voltar às
urnas.
Para presidente também está previsto um segundo turno. Não
estou satisfeito com os rumos tomados pelos partidos que estão no poder. Mas a
terceira via que apareceu parece um fiasco e o retorno do reprimido passado neoliberal
se apresenta como um pesadelo e não desejo que o país regrida do que pode
avançar. Boas surpresas, sem chances, são uma guria de fibra e um paulista
doidão e sincero. Tem uns ridículos candidatos do anedotário que, mesmo sem ter
chances, aparecem nos debates por conta de uma legislação absurda. Confesso que
aqui voto sem gosto e só irei ao segundo turno, se houver, obrigado.
E a legislação do país, igualzinha a mamãe, me obriga a ir à
missa aos domingos...
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Maravilhosa charge de Izânio na ilustração
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