domingo, 5 de outubro de 2014

A missa de hoje


(Edmar Oliveira)

A missa é hoje. Sei que não tenho competência para influenciar ninguém. E se você já foi à missa cedo, quando você estiver lendo isso aqui já empurrou o dedo na urna e fez a sua obrigação cívica, mesmo se contrariado. Votou no deputado do seu estado, aquele em que você confia para elaborar e votar as leis locais em obediência à constituição nacional. Depois apertou quatro números para votar em quem vai fazer, representado o seu estado, parte da legislação. Como temos duas câmaras você hoje terá escolhido um dos seus três representantes no senado. Aqui no Rio, dois que foram eleitos para o Senado disputam a governança sem por em risco seus mandatos: Lindinho e Crivella. Mas estávamos falando da urna e o voto é grande: primeiro digitou dois números para votar no governador e depois mais dois números para o maior cargo executivo do país, o de presidente da nação. Como não somos parlamentaristas, este voto adquire uma grande expressão. E se você já ajudou a selar o destino de deputado estadual, federal e senador, com os dois últimos votos você está escolhendo, salve raras exceções, os dois mais votados que irão a um segundo turno. Isto é, tem missa de novo daqui a 21 dias.

Nas eleições legislativas você terá que ter procurado, feito Diógenes, com uma lanterna iluminar a face de um homem honesto. Confesso que as minhas escolhas, e sempre sou exigente como Diógenes, raramente são eleitas. Acerto um ou outro. Os ficha-sujas que sempre se elegem, para minha consciência tranquila não são de minha responsabilidade. E isso é um grande alívio. Neste ano, aqui no Rio, não existem, no meu critério, senadores com eleição viável indicada pelas pesquisas merecedores do meu exigente voto de Diógenes. Votarei em alguém que certamente não se elegerá. Portanto na eleição ao Senado, neste ano, não verei um meu representante. Não sei se verei representantes nas câmaras estadual e federal.

Para governador as pesquisas apontaram quatro candidatos viáveis, que acho não serem merecedores da minha confiança. Votarei num simpático professor feio e gordinho que vem conquistando a simpatia da irreverência carioca. Se ele tiver dez por cento do eleitorado valeu a pena. Portanto este não é um voto de protesto, mas de convicção. Aí em Teresina parece que não vai ter segundo turno. Aqui acho que vou ter que voltar às urnas.

Para presidente também está previsto um segundo turno. Não estou satisfeito com os rumos tomados pelos partidos que estão no poder. Mas a terceira via que apareceu parece um fiasco e o retorno do reprimido passado neoliberal se apresenta como um pesadelo e não desejo que o país regrida do que pode avançar. Boas surpresas, sem chances, são uma guria de fibra e um paulista doidão e sincero. Tem uns ridículos candidatos do anedotário que, mesmo sem ter chances, aparecem nos debates por conta de uma legislação absurda. Confesso que aqui voto sem gosto e só irei ao segundo turno, se houver, obrigado.


E a legislação do país, igualzinha a mamãe, me obriga a ir à missa aos domingos...

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Maravilhosa charge de Izânio na ilustração



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