(Edmar Oliveira)
As eleições no Piauí tem uma característica que as distinguem
das eleições de outros estados. Todos os candidatos temem ser comidos pela Porca.
A simples possibilidade de “ser comido pela Porca” deixa qualquer candidato
nervoso. Hoje já é líquido e certo entre os piauienses que perder a eleição é a
mesma coisa de ser “comido pela Porca”. Mas isso não faz o menor sentido para
quem não é piauiense.
Essa magistral charge de Izânio, excelente cartunista local, é
entendida de imediato por todos os conterrâneos. A Porca, cantando na chuva,
abre o bocão para engolir os candidatos, que são atraídos pelo apetite de
derrotar candidatos à cargos eletivos. Se essa figura tem um significado especial
entre nós, não tendo nenhum sentido para os de fora, deve ter uma história que
a explique.
Ouvi essa história há muito tempo e vou tentar reproduzi-la.
Numa cidade do interior, não lembro qual, mas os historiadores piauienses devem
saber, havia um candidato a vereador, queridinho de todos e com chances de ser
um dos primeiros eleitos em número de votos, mesmo não tendo ainda os
institutos de pesquisa que fazem a eleição desnecessária.
Pois bem, contada as urnas, a eleição do rapaz foi
decepcionante com um número de votos longe do suficiente para que ele fosse um
dos vereadores. Lembremos aqui que não existia a urna eletrônica e a velha urna
era de lona recheada com votos de papel. O moço para tentar explicar o fracasso
inventou a história de que uma porca tinha comido as urnas, justo as que tinham
os seus votos.
Ninguém acreditou, mas a irreverência piauiense, desde aqueles
tempos remotos, ressuscita a figura da Porca em todas as eleições. E desde
então a porca vem comendo os votos de quem perde a eleição, mesmo que os votos
sejam virtuais. A Porca também é cultura! E brinca de pique esconde para procurar os candidatos e comer...
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