domingo, 2 de março de 2014

Os olhos da cobra

 
O olhar verde da cobra
Cobre de luz meu olhar
Nada mais da vista sobra
Depois da cobra me olhar
Os olhos da cobra verde
Veda de luz o que vejo
Mata de luz minha sede
Transforma em luz o desejo
Almejo não ver de novo
O olhar da cobra no meu
O verde do olhar removo
Com minha crença de ateu

Não amava quem amei
Por não querer a saudade
E pra viver de verdade
Não amava quem amei
Por minha serenidade
E em respeito à bondade
Não amava quem amei
Pelas ruas da cidade
E pelas sombras da tarde
Não amava quem amei
Por toda felicidade
Nas réstias da claridade
Não amava quem amei

A cobra de verdes olhos
Envenenou meu olhar
E deslizou na floresta
Da minha falta de amor
Entre arbustos e abrolhos
A cobra veio picar
Com seu veneno de festa
Minha sossegada dor

(Climério Ferreira)
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foto: Fátima Morgado

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