domingo, 10 de novembro de 2013

de seca, de grilagem e poluição


(Edmar Oliveira)

A

 seca castiga o interior do Piauí, apesar das poucas chuvas na capital. E, como sempre, os políticos prometem investimentos em obras que resolverão a questão. Entra ano e sai ano e o sertão continua ao Deus-dará. Desta vez, talvez pela globalização dos protestos, um cidadão, em Jaicós, portava seu cartaz solitário: “Senhor governador, não precisamos de suas visitas e falsas promessas. Queremos só a água”. Nem sem precisar imitar a violência policial mostrada na TV, a segurança do governador foi em cima do manifestante solitário e rasgou seu cartazinho de cartolina. No que o solitário e politizado manifestante deu entrevista aos órgãos da capital dizendo que os homens do governador estavam impedindo seu direito de manifestação e com o cartaz rasgavam também a constituição. Bravo manifestante da pequena Jaicós.

Enquanto o governador promete obras, carros pipas andam até duzentos quilômetros para levar uma quantidade de água ínfima aos habitantes do sertão. A lavoura de subsistência foi embora e o gado morre na tragédia da seca. A diferença dos retirantes d’agora para os descritos por Graciliano são as motos e os celulares. As notícias das vozes da seca são de cortar o coração.

 


O

 sul do Piauí tornou-se um atrativo para o agro negócio. As plantações de soja estendem-se a perder de vista e agora surgem denúncias de grileiros de terras, acobertados por órgão governamentais. E vale tudo: procurações falsas, matrículas inverídicas, posses forjadas, laudos infiéis e outras artimanhas jurídicas. O objetivo de sempre é a expulsão do antigo posseiro, a compra de terras por valores irrisórios e a revenda milionárias para o agronegócio em expansão. Ou seja, o agronegócio do sul do estado despertou uma cobiça por terras ocupadas com títulos dados pelos órgãos oficiais que agora refazem a propriedade para terceiros com documentos forjados. Uma quadrilha está assentada no governo e as acusações chegam a chamuscar o governador.

O Piauinauta, daqui de cima, olha os dois males que acometem o Piauí nesse instante: no sul o agronegócio se expandindo à custa da grilagem de terras que jogam na rua seus verdadeiros donos. No miolo do sertão a seca inclemente que mata a economia de subsistência e o gado pé-duro dos pequenos proprietários. E a região mais castigada está a poucos quilômetros da pujança do São Francisco. Tem jeito?

 


U

ma vez eu estava hospedado num hotel em Teresina e chegando suado de um dia escaldante foi informado pelo recepcionista que não havia água. Perguntei quais as providências do hotel e o moço disse que tinha de esperar que a culpa era da AGESPISA (Aguas e Esgotos do Piauí Ltda). Pedia uma providência do hotel, um carro pipa que fosse. O impassível recepcionista falou uma frase em piauiês que se agora posso ri, na hora fiquei uma arara: “se o senhor quiser se banhar com uma bacia d’água, nóis arruma!” Lembrei das lavagens dos cabarés da Paissandu.

Mas já que hoje estamos no propósito das denúncias, mais um escândalo: diretores da AGESPISA foram presos por crime ambiental. Os dejetos que chegam a estação de tratamento do esgoto sanitário estão sendo jogados no rio sem tratamento. Falta água e os esgotos contaminam a água. Caso sério. O rio morre a cada crime desses...   
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Deu nos jornais aqui do Rio que o governador do Piauí tinha quebrado algumas costelas na queda de uma rede. O Izânio já fez a charge com os inimigos políticos fazendo um despacho.

2 comentários:

Anônimo disse...

A Transposição, tão discursada e tão propagada no primeiro Governo do PT, se afastou da pauta de prioridades. Se distanciou tanto que a Dilma nem fala disso nos seus PACs.
Chico Salles.

Anônimo disse...

o pior da grilagem é ver o governador envolvido direto e indiretamente com a grilagem no piaui o seu instituto de terras o interpi e a semar contribuiram com a questaõ da grilagem no piaui