domingo, 9 de junho de 2013

Contículos Paranóicos IV

Caninos

Os vizinhos ainda se perguntavam sobre todo aquele sangue pelo asfalto. Davam suas versões, estupefatos. Há pouco, uma ambulância o resgatara no quintal. Coberto de sangue, dava a impressão de estar muito ferido, mas logo perceberam que o sangue era das cadelas estripadas no estacionamento. Contam que ao vê-las brincando, exaltou-se quando emendaram uma relação lésbica. As duas cadelas alternavam-se nos papéis ativo e passivo. Segurou-as pelo pescoço e sumiu com elas no quintal. Ouviram apenas os ganidos finais das cachorrinhas e ele, satisfeito com o resultado, uivando, uivando.
 
(Léo Almeida)

Um comentário:

keula disse...

Gosto desse "formato" de texto, que não é poema, mas tem a força de um. Muito bom.