Os vizinhos ainda se perguntavam sobre todo aquele sangue pelo asfalto. Davam suas versões, estupefatos. Há pouco, uma ambulância o resgatara no quintal. Coberto de sangue, dava a impressão de estar muito ferido, mas logo perceberam que o sangue era das cadelas estripadas no estacionamento. Contam que ao vê-las brincando, exaltou-se quando emendaram uma relação lésbica. As duas cadelas alternavam-se nos papéis ativo e passivo. Segurou-as pelo pescoço e sumiu com elas no quintal. Ouviram apenas os ganidos finais das cachorrinhas e ele, satisfeito com o resultado, uivando, uivando.
(Léo Almeida)
Um comentário:
Gosto desse "formato" de texto, que não é poema, mas tem a força de um. Muito bom.
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