(Edmar Oliveira)
Estive recentemente na Teresina, por um curto período, e
tive a sensação de que a cidade tá se encantando em outra quando atravessa o
Poty. Feito a Floresta de Pedra na Ilhotas que se encantou no meio do rio e deu
nome ao bairro.
Teresina nasceu na beira do rio Parnaíba e fez a cidade
entre os dois rios, desde o encontro das águas até para além da Curva de São
Paulo, Poty acima. Por isso a cidade só tinha dois pontos cardeais: a zona
norte que vai da Avenida Frei Serafim até o encontro das águas e a zona sul,
que ia da mesma Avenida até a cancela separando a zona urbana da estrada de
Palmeirais. A oeste estava o Maranhão. Ao leste o além-Poty das chácaras dos
abastados até a estrada se bifurcar para Altos e União.
Pois ocorreu na minha ausência: a cidade se mudou toda para
o outro lado do Poty e a cidade velha foi abandonada. Alguns moradores
resistem, mas a maioria se encantou lá na cidade nova e eu não vejo mais. Como
representantes dos habitantes que não se encantaram e continuam nas ruas da
velha Teresina posso encontrar, dos velhos conhecidos de outrora, Assai
Campelo, representante honorário da velha cidade, Paulo Moura, Tabatinga,
Cícero Mafuá, Chagas Vale, Wilsim, os Galvões, Maiobinha e Maiobão, entre
outros nativos que permaneceram na geografia antiga. Mas até o Cinéas, que
resiste com sua Oficina da Palavra na Benjamim Constant, hora por outra se
encanta do lado de lá e eu não consigo achá-lo. Durvalino, Xico Wilson, Tadeu, Cabeção, Paraguaio e outros
confrades do Conciliábulo do Bar do Chicão se reúnem na sede da Coelho de Resende
nos finais de semana. Durante a semana ficam no encantamento do outro lado do
Poty e não é possível serem encontrados.
E não é que eu não procure, mas do lado de lá (além-Poty) eu
não conheço mais ninguém, tá todo mundo encantado, foi o que pude imaginar
procurando a Floresta de Pedra que também não achei. Dessa vez na cidade nova
consegui ver o Bicudo, velho colega do Colégio Batista, que se materializou num
bar da zona leste. Não perguntei se ainda mora na cidade velha. Mas como não
estava encantado, presumo que sim.
E não é que noutro dia encontrei a filha do “Seu” Veloso,
dono de uma grande mercearia e botequim lá do grotão do Barrocão! Encontrei é
modo de dizer, me asseguram que era ela. Mas a minha antiga conhecida tinha
sido a Secretária de Saúde (até trabalhei um tempo com ela sem lhe descobrir a
identidade). É a Primeira-dama do Estado no governo atual e ainda é Conselheira do
Tribunal de Contas do Estado. Juraram que era a filha do “Seu” Veloso, mas no encantamento
não teve quem fizesse eu reconhecer a moça... O Assaí jura que é! Isso é que é
um encantamento dos grandes.
Por isso é que eu não conheço quase ninguém em Teresina. Se
encantaram lá do outro lado do Poty!
3 comentários:
Interessante! quero parabeniza lo pelo olhar. Vejo que o problema não é o encantamento das pessoas pelo que é novo mas o esquecimento da origem do encanto. Um dia, há que se explicar isso a alguém...o novo sempre vem.... As pessoas mudam e se mudam, a cidade fica. Será que a lenda do cabeça de cuia tem a ver com a necessidade que alguns piauienses tem de se encantarem?
E tem é demorado aparecer um encantado sugerindo "desapartá Therezina em duas banda": A Vila Malassombrada e a Enchanted City.
O autor do blog me faz lembrar um ditado da minha avó, que diz o seguinte: ( o pouco comido, muito esquecido ) pois muitos representantes ainda andam circulando as Avs, Ruas e Ruelas desse pedaço de terra maravilhosa. É totalmente esquecido pelo autor.
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