domingo, 13 de maio de 2012

o caso do relógio que esqueci contigo



            
Paulo José Cunha

Pois agora meu tempo anda contigo
e, como um escafandrista, podes mergulhar por dentro dele,
remexer velhos papéis,   
investigar o que ando pensando em fazer do meu futuro,
descobrir antigos moluscos presos ao casco,
ou observar os peixes em volta do galeão adormecido.  

Podes tudo, pois meu tempo agora é teu.  

Só te peço que não mexas no presente
pois, neste instante, meu tempo anda ocupado com um sonho
que chegou e se instalou entre os ponteiros.  

O tempo lento em que sonhamos juntos...  

Não é justo sermos arrancados dele
pelo som estridente de um despertador.

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