domingo, 4 de dezembro de 2011
1 versinho
O POVO TRANSPLANTADO
Eles vieram de longe: dos andaimes de construtoras,
da poeira vermelha, da cidade livre, das invasões
do sertão quente e brabo
Eles vieram de longe: das montanhas cortadas por trens,
do circuito das águas, das escavações dos minérios,
das históricas igrejas
Eles vieram de longe: das matas fechadas, dos caudalosos rios,
das aldeias mais isoladas, das chuvas eternas e diárias
das terras ainda intocadas
Eles vieram de longe, de um longe que é mais perto,
de um longe que é quase aqui, de um lugar encravado no centro,
de um recanto de peixe e pequi
Eles vieram de longe, das fronteiras da américa,
do gosto do chimarrão, os galopes nos pampas,
das chulas e dos lenços no pescoço
Eles vieram de longe, praias e morros,
do futebol, carnaval, muito samba
da fala chiada e da ginga
Hoje eles,
sujos de barro e cheios de esperança,
são o povo daqui
(Climério Ferreira)
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