domingo, 22 de maio de 2011

Lendo jornal

Edmar Oliveira
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Também tentei, como o Geraldo, ser um ex-assinante de jornal. E, também, não foi por um motivo ideológico, que tentei e depois desisti.
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            Primeiro a tentativa de desistir. Aqui no Rio de Janeiro só existe um jornal, O Globo. O Extra é um Globo mais sangrento para chegar perto das populações mais expostas à violência. É também da família Marinho. O Dia, apesar de ter sido vendido pelos Marinhos mantém uma linha editorial para competir com o Extra e disputar seu público sedento por tragédias de aqui perto. O Jornal do Brasil, que assinei até o seu falecimento, foi assassinado pelos Tanures, que menos queriam um jornal, mas a marca. De fato, e isso é absolutamente trágico para uma cidade do porte do Rio, só existe um jornal na metrópole. Até Teresina tem mais opções que no Rio. Portanto, a falta de opção já era um motivo para deixar de ler o pensamento único. E tem a tradição de “O Globo”, como o jornal representante da elite zona sul carioca. Seus colunistas, nenhum escapa, tiveram que escrever conforme a linha dura. Merval, Mirian Leitão, Vidor, Elimar, são a coluna vertebral d’O Globo. Não se pode ler sem náuseas. Moreno mete-se a engraçado para fofocar, o que também é uma especialidade do Ancelmo. Substituem o Ibraim Sued, não o Zózimo, que era melhor do que eles. Ubaldo emburrou numa oposição sistemática ao Lula, o que agrada a linha editorial. Zuenir e Verísssimo ficam patinando em destoar, mas só patinando. Jabor, um militante do PSDB escrevendo pior do que o FHC que também é colunista. Gáspari herdou a informação dos milicos e as vezes fura. As notícias, como também diz o Geraldo, se repetem todo dia e mudam apenas como a cor do mapa do tempo. São razões de sobra para desassinar. Então porque voltei?
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            Descubro, não sem susto, que sou um viciado em jornal de papel. Gosto do cheiro, do desdobrar das folhas, da sujeira que fica nas mãos e, quando o tempo me sobra, me pego lendo até comerciais. Já percebi que as vezes nem sei o que acabei de ler. Mas tenho de.
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            Não gosto de jornais eletrônicos. Não suporto o brilho da tela do computador e não sei passar as páginas e ler da forma como leio (pra frente e pra trás, deixando o jornal pelo avesso). Não acho a menor graça.
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E é muito ruim levar um computador para o banheiro...

              

Um comentário:

chico salles disse...

Caro Edmar,
Tambem sou um ex assinante de jornal e da revista Veja. Ista há mais de 15 anos, quando percebí que estes conglomerados meios de comunicação, que parecem ter um editorial único, pois falam a mesma lingua e dão as mesmas manipuladas nitícias diariamente. Descobrí tambem que as verdadeiras e confiáveis notícias sabemos nos botequins. Jornais e revistas parecem com franelinhas de trânsito, não servem prá nada. Geralmente nos manda fazer o que já estamos fazendo.
Chico Salles