Gervásio Castro
Allan Stewart Konisberg sempre quis brilhar no meio artístico e percebeu, ainda garoto, que com esse nome não iria longe. Aos 15 anos, já como Woody Allen, começou a escrever para colunas de jornais e programas de rádio. Aos 29 era um respeitável comediante.
Em 1965 estreou no cinema como roteirista e ator no filme “O que é que há, gatinha?” e em 1969 como diretor em “Um assaltante bem trapalhão”.
Crítico mordaz e sutil, trata na maioria de seus filmes (que costumam ter Nova York como cenário) das neuroses comportamentais do dia-a-dia interpretando, sem parecer repetitivo, um judeu fracassado. Consegue, como poucos roteiristas/diretores, se aprofundar na alma das personagens evidenciando em seu trabalho um namoro com a psicanálise.
Allen é idolatrado por muitos e odiado por tantos outros. Seu estilo verborrágico de atuação não costuma agradar a um grande número de espectadores. Também não agrada aos organizadores da festa o fato dele preferir tocar jazz com sua banda em Nova York a comparecer à entrega do Oscar em Hollywood.
Em 2000 assinou com a DreamWorks, empresa de Steven Spielberg, iniciando sua pior fase, segundo a crítica. Findo o contrato reatou seu namoro com o drama, primeiro com “Melinda e Melinda” seguido de “Match Point”, bastante elogiado pela crítica, que recebeu quatro indicações ao Globo de Ouro e uma ao Oscar. É o primeiro filme de Allen passado em Londres e também o primeiro com a atriz Scarlett Johansson. Conta a história de ascensão social de um jogador de tênis profissional que, cansado da rotina de viagens, decide abandonar o circuito e se dedicar a dar aulas do esporte em um clube de elite. O cara torna-se amigo de um playboy, casa-se com a irmã deste, passa a trabalhar nas empresas de seu milionário sogro, mas está mesmo interessado é em traçar a cunhada que, por sua vez, também se amarra em levar umas raquetadas do tenista.
O filme é recheado de referências a "Crime e Castigo", de Dostoievski, e tem um final surpreendente. O título no Brasil inicialmente seria apenas Ponto Final, mas este já havia sido registrado pelo diretor Marcelo Taranto para um longa-metragem que estava em processo de captação na época de seu lançamento. Com isso a Playarte modificou o título nacional para Ponto Final - Match Point.
Woody Allen não gosta de assistir seus filmes e é fã de Ingmar Bergman, Groucho Marx e Federico Fellini.
Também é conhecido por lançar atrizes e namorou a maioria delas até se firmar com Mia Farrow com quem viveu até 1997, trocando-a por Soon-Yi Previn, filha adotiva do casal. Esse fato levou ao delírio a imprensa, pra quem a vida amorosa de Allen sempre foi um prato cheio.
Sobre a atual mulher ele declarou em recente entrevista ao jornal britânico The Observer que ela não assistiu nem a 60% de seus filmes e que odeia quando ele pega no clarinete:"Ela não tem vergonha de detestar meu som no clarinete. Ela não suporta. Não suporta quando eu pratico em casa. Nunca vai a um show. Acha que é tortura."
Quando questionado sobre se faria novamente par romântico com Diane Keaton, com quem fez vários trabalhos no cinema e manteve uma relação amorosa nos anos 70, o diretor disse apenas que a idéia é até boa, mas ninguém aceitaria: "Ninguém quer ver sexagenários mandando ver. As pessoas podem até dizer que querem ver esse tipo de coisa, mas o que elas querem mesmo é assistir a Leonardo DiCaprio correndo atrás de Scarlett Johansson." É verdade. Infelizmente.
Um comentário:
Maravilha de match point, Gerva!!!!
Acompanhei o big bang do Woody Allen ali no circuito Lido's, São Luís (parecia o Túnel Rebouças quáá!), Condor, Ópera... Noivo Nervoso... O paranóico urbano tinha sua versão da Julieta Massina (Diane Keaton) do gigantesco Felline de quem se dizia fã. Mas aí apareceu a Mia Farrow, depois a coreana e não sei se o público também continua o mesmo.
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