Paulo José Cunha
*
Semeado no passeio,
o sorriso de plástico
implora um voto,
um olhar, uma atenção.
Semente desconhecida,
tanto pode dar bom fruto
como dar erva daninha.
Por isso, o pedestre desconfiado
e o motorista apressado
passam sem dar consideração.
Súbito,
o vento derruba o painel,
e o sorriso, deitado,
fica de boca pro céu.
Uma pomba transeunte
resolve adubar
aquela estranha semente.
Com preciosa pontaria,
acerta bem na boca do sorriso
e segue o voo, sorridente,
por ter ganhado seu dia.
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