Complicando o Desnecessário

Edmar Oliveira

Vocês já notaram a complicação desnecessária que os designers vão aprontando no que chamam “evolução da arte”? Tubo de creme dental, por exemplo. Antigamente era de metal e a gente ia apertando de baixo pra cima até tirar todo o conteúdo do tubo. Esses de plástico de agora você aperta e a pasta volta pra baixo e nunca conseguimos esvaziar completamente. E a tampa do tubo? Inventaram umas que é difícil fechar e abrir. Pra quê fazer a tampa do xampu do lado de baixo? Tem cabimento? E as cerdas circulares ou de outras formas esquisitas das escovas de dente que não tem serventia pra nada? E os sabonetes redondos, em forma de lua, estrelares ou mais extravagantes não são muito mais complicados de usar do que a forma tradicional retangular desde muito tempo? Só se a intenção do moço é fazê-los cair no chão para insinuar aquela posição indecorosa no banho a dois. E eu tou só olhando o banheiro. Na cozinha as coisas ficam muito mais complicadas em latas de metal que fizeram em papelão para amassar e violar o conteúdo com mais facilidade. E vidros de maionese que se fizeram em plástico da pior qualidade. Garrafas em vidro ficaram de plástico amassável. O desenho absurdo de certos talheres tira a função a que foram feitos. Travessas bonitas que de tão rasas não seguram o conteúdo a servir. Copos quadrados que não se adaptam à boca e o conteúdo se derrama vexatório. Na sala, mesas e poltronas que não se prestam a que foram feitas ma origem.

No quesito decoração os designers fizeram uma revolução aos olhos. Pelo menos para quem acha o extravagante bonito. Agora, em utilidade é de uma complicação desnecessária à nossa vida diária.