quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Alberto Silva


Geraldo Borges


Alberto Silva está morto. Era um engenheiro civil e mecânico... Porém, entendia mesmo era de política, política para ele e para a sua família e para o seu Estado. Nasceu em Paraíba. Entrou para a política muito cedo. Em 1948 foi prefeito de Parnaíba e também em 1950. Entrou na história do Piauí, com muita mais força a partir da ditadura, contrariando as oligarquias antigas, donas do Estado, já enraizada no poder. Tiveram que engolir o homem apontado pelo militares. Tornou-se popular no cenário da ditadura. E como precisava agradar a massa tratou logo de construir o seu coliseu, quer dizer o Albertão, um grande estádio de futebol, deixando o humilde estádio Lindolfo Monteiro em segundo plano para as peladas dos pernas de pau..

No seu primeiro governo (1971 1975) construiu um bocado de coisa, reinventou a cidade de Teresina. E não me falha a memória foi nessa época que apareceu o famoso Projeto Piauí. Estávamos nos ásperos tempos, mas o povo, o povo mesmo, não tinha do que reclamar. Aos do domingo ia torce pelo Tiradentes, no Estádio Albertão. Houve uma vez que parte da arquibancada caiu, pessoas se acidentaram. Mas isto acontece. A engenharia brasileira tem dessas coisas. E o povo paga.

Alberto Silva depois de seu mandato de governador, virou deputado federal, pelo voto do povo. Voltou a ser governador (1987- 1991). Aí inventou um projeto também relacionado com as massas, o famoso metropolitano de superfície, para isso meio caminho já estava andando, os trilhos da linha férrea - São Luis Teresina.. Era só escavar o corte da estrada de ferro dentro do perímetro urbano, e comprar os vagões usados na Europa. Houve muitas opiniões contra o seu projeto. Desalojou muita gente da beira dos trilhos, pessoas humildes, inclusive a Maria Tijubina, com o seu bar e restaurante, famoso e conhecido pela turmas boemia de Teresina..

Mas o homem era teimoso. Fez o metrô. Inaugurou. uma linha que saia do Itararé, se não me engano, e terminava na cabeceira de Ponta Metálica João Luiz Ferreira. Sua promessa era estender a linha ate o Troca – Troca.

As obras estão em andamento, não sei se já terminaram. Agora com sua morte, talvez seja mais difícil. Também teve a grande idéia de climatizar Teresina, colocou ar condiciona em um pedaço de rua, no centro, fazendo do local um logradouro aprazível e bem movimentado.

Em uma de suas gestões. Parece que foi a primeira, construiu a Poti Cabana, uma parodia de balneário a margem do rio Poti, um canto pitoresco para as pessoas se divertirem. Fez a alegria de muita gente. Mas como aconteceu com a Prainha à margem do Parnaíba, arruinou-se, e depois virou sucata.

O que se sabe mesmo é que Teresina mudou de cara com os governos de Alberto Silva. Muita gente veio de fora e a cidade ficou, exagerando um pouco, meio cosmopolita. Levando em conta a criação da Universidade. Não se pode negar que Teresina tomou novas cores, e ficou conhecida na mídia nacional, com elogios e deboches.

Alberto Silva começou a urbanizar Teresina, não resta dúvida, obedeceu ao figurino da modernidade, foi o primeiro governador piauiense que ultrapassou os limites das porteiras dos coronéis.

Nas eleições passadas fez uma jogada política genial. Era senador, e vendeu o seu lugar, a sua vaga, para o candidato Vicente Claudino, que foi eleito. E ao que me consta agora era deputado federal. Estava com noventa anos. Vagou a sua cadeira, onde agora está sentado o seu suplente Temístocles Sampaio, um cidadão também longevo. Tem oitenta e cinco anos...

Alberto Silva está morto. Resta os políticos de sua terra natal batizar alguns monumentos com o seu nome. Pois de agora em diante ele jaz na historia, e os historiadores terão muita coisa a desenterrar de sua vida longa e cheia de acontecimentos. Na verdade, a sua política foi uma verdadeira obra de engenharia...

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