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O primeiro mar que eu conheci foi o Mar Vermelho, depois os verdes mares bravios de minha terra natal, que, como se pode ver, não era azul, era o mar de Iracema. O Mar Vermelho eu conheci em uma passagem da Bíblia graças à fuga fenomenal de Moises do Egito, com a sua varinha, ele fez muita coisa, era um mágico.
O mar de Iracema eu o conheci nas praias do Ceará. De lá para cá eu empreendi muitas viagens marítimas, pois um de meus primeiros sonhos de juventude foi ser marinheiro. Almirante. Mas agora estou viajando em torno de meu quarto. E daqui da amurada de minha fortaleza vejo muitos navios partindo para dar volta ao mundo, coisa que Julio Verne fez em oitenta dias. Hoje se faz em menos de uma semana. E num submarino atômico, em menos tempo ainda.
Tenho aqui em meu quarto, em cima de minha mesa de escrever um globo terrestre, com seus paralelos e meridiano, longitude e latitude, com o simples piparote o faço girar. Poderia chamá-lo de globo aquático, se fosse mais preciso e lógico. Pois ele tem mais água do que terra. Vou virando o globo e navegando.
No momento exato estou no Mar Egeu por onde os atenienses retornaram após vencer a frota persa. Vejo também todo o Mar Mediterrâneo, com as sagas mitológicas do guerreiro Ulisses tentando controlar os elementos mágicos de Circe e vendo seus companheiros transformados em porcos. Venho agora de percorrer Veneza pelo Mar Adriático, faz um tempo delicioso nesses dias de primavera. E assim vou girando o globo e viajando. São tantos nomes estranhos. Mas o importante não é o nome, é a paisagem marinha, é o que o mar significa para a terra, sem o mar ninguém avistaria a terra. Terá a vista. Diz o Marujo no alto da gávea.
De repente meu dedo desliza para o Mar da Noruega, vejo salmões vermelhos nadando numa coreografia feérica e bacalhaus com cabeça. Sim. Com cabeça. Pois eu nunca tinha visto bacalhau com cabeça, a não ser a vistosa estampa do bacalhau da Emulsão de Scoth. Agora estou no mar do Caribe, perto daqui de casa, sinto o cheiro das caravelas de Colombo, ouço o ruído das vozes insatisfeita dos marinheiros em rebelião. Estamos em pleno mar. Logo a America é descoberta, quer dizer, inventada de novo. America, Iracema.
São tantos os mares. E navegar é preciso. Viver também. O mar é meu caminho. O mar vive em nós, em nosso sangue, no sal da terra. Sem o mar Dom João VI, jamais teria fugido de Napoleão, teria sedo pego com sua turma na primeira esquina. Estou vendo agora por onde o Titanic passou. E o lugar onde foi a pique. Era um navio que nem Deus afundaria, diziam os agnósticos. Não foi preciso. Bastou a ponta fiada de um iceberg. São Mares pra valer. Existe até mar de rosas e maremoto e mar remoto, como, por exemplo, o Mar Morto, onde os arqueólogos encontraram algumas pistas da nossa história. Mar Cáspio.
Desci para o Pacifico e estou na ilha de Sesta Feira junto com Robson Crusoé, e cheguei até a ilha do Tesouro, junto com Robert Luis Stevenson. Naveguei para o Mar da China. Mar de Sargaços, ilhas dos Mares do Sul. Na Pérsia vi um guerreiro cheio de ira vergastar o mar, porque seus navios tinham sido engolidos pelas ondas enfurecidas. No Mar da Palestina vi Jesus Cristo, o Cara, surfando, sem prancha sobre as águas, e Pedro homem de pouca fé, tentou imitá-lo, e afundou, como uma pedra. Mar Negro, mar de ostras, pérolas, arrecife, a até de petróleo. Mar de abra os olhos e até de abrolhos. Mares nunca dantes navegados. Cabral, Vasco da Gama, Caminho das Índias. Fernando Pessoas. Espanha e Holanda, brigam pelos direitos do mar.
Meu quarto está sendo inundado de gosto de sal, sardinha e azul. Ouço o rufar de asas de gaivotas albatrozes. Um velho marinheiro de perna de pau cachimba no convés. O mar me navega, um dia morrerei no mar, não sei se é doce morrer no mar. Vou deixar o meu globo em paz, com os encantos do mar. Lancei a ancora no meu porto seguro. Agora tudo é calmaria. Ponto. Quisera ser um grande marinheiro. Mas fico aqui olhando do peitoril da minha janela o mar rugindo lá fora. E penso em Rubião que fitava a enseada da sua casa de Botafogo, e via tudo com ar de proprietário. Os donos do mar. Maranhão...
O mar de Iracema eu o conheci nas praias do Ceará. De lá para cá eu empreendi muitas viagens marítimas, pois um de meus primeiros sonhos de juventude foi ser marinheiro. Almirante. Mas agora estou viajando em torno de meu quarto. E daqui da amurada de minha fortaleza vejo muitos navios partindo para dar volta ao mundo, coisa que Julio Verne fez em oitenta dias. Hoje se faz em menos de uma semana. E num submarino atômico, em menos tempo ainda.
Tenho aqui em meu quarto, em cima de minha mesa de escrever um globo terrestre, com seus paralelos e meridiano, longitude e latitude, com o simples piparote o faço girar. Poderia chamá-lo de globo aquático, se fosse mais preciso e lógico. Pois ele tem mais água do que terra. Vou virando o globo e navegando.
No momento exato estou no Mar Egeu por onde os atenienses retornaram após vencer a frota persa. Vejo também todo o Mar Mediterrâneo, com as sagas mitológicas do guerreiro Ulisses tentando controlar os elementos mágicos de Circe e vendo seus companheiros transformados em porcos. Venho agora de percorrer Veneza pelo Mar Adriático, faz um tempo delicioso nesses dias de primavera. E assim vou girando o globo e viajando. São tantos nomes estranhos. Mas o importante não é o nome, é a paisagem marinha, é o que o mar significa para a terra, sem o mar ninguém avistaria a terra. Terá a vista. Diz o Marujo no alto da gávea.
De repente meu dedo desliza para o Mar da Noruega, vejo salmões vermelhos nadando numa coreografia feérica e bacalhaus com cabeça. Sim. Com cabeça. Pois eu nunca tinha visto bacalhau com cabeça, a não ser a vistosa estampa do bacalhau da Emulsão de Scoth. Agora estou no mar do Caribe, perto daqui de casa, sinto o cheiro das caravelas de Colombo, ouço o ruído das vozes insatisfeita dos marinheiros em rebelião. Estamos em pleno mar. Logo a America é descoberta, quer dizer, inventada de novo. America, Iracema.
São tantos os mares. E navegar é preciso. Viver também. O mar é meu caminho. O mar vive em nós, em nosso sangue, no sal da terra. Sem o mar Dom João VI, jamais teria fugido de Napoleão, teria sedo pego com sua turma na primeira esquina. Estou vendo agora por onde o Titanic passou. E o lugar onde foi a pique. Era um navio que nem Deus afundaria, diziam os agnósticos. Não foi preciso. Bastou a ponta fiada de um iceberg. São Mares pra valer. Existe até mar de rosas e maremoto e mar remoto, como, por exemplo, o Mar Morto, onde os arqueólogos encontraram algumas pistas da nossa história. Mar Cáspio.
Desci para o Pacifico e estou na ilha de Sesta Feira junto com Robson Crusoé, e cheguei até a ilha do Tesouro, junto com Robert Luis Stevenson. Naveguei para o Mar da China. Mar de Sargaços, ilhas dos Mares do Sul. Na Pérsia vi um guerreiro cheio de ira vergastar o mar, porque seus navios tinham sido engolidos pelas ondas enfurecidas. No Mar da Palestina vi Jesus Cristo, o Cara, surfando, sem prancha sobre as águas, e Pedro homem de pouca fé, tentou imitá-lo, e afundou, como uma pedra. Mar Negro, mar de ostras, pérolas, arrecife, a até de petróleo. Mar de abra os olhos e até de abrolhos. Mares nunca dantes navegados. Cabral, Vasco da Gama, Caminho das Índias. Fernando Pessoas. Espanha e Holanda, brigam pelos direitos do mar.
Meu quarto está sendo inundado de gosto de sal, sardinha e azul. Ouço o rufar de asas de gaivotas albatrozes. Um velho marinheiro de perna de pau cachimba no convés. O mar me navega, um dia morrerei no mar, não sei se é doce morrer no mar. Vou deixar o meu globo em paz, com os encantos do mar. Lancei a ancora no meu porto seguro. Agora tudo é calmaria. Ponto. Quisera ser um grande marinheiro. Mas fico aqui olhando do peitoril da minha janela o mar rugindo lá fora. E penso em Rubião que fitava a enseada da sua casa de Botafogo, e via tudo com ar de proprietário. Os donos do mar. Maranhão...
Um comentário:
Ai vai, o Geraldo é cearense? Pois o talentoso cabeça chata dá mais parência com o pessoalo ali do Raso da Catarina.
Piauinauta é ótimo.
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