quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Carne seca com abóbora



Edmar Oliveira




São duas as maneiras de fazer carne-seca no Brasil. Onde o sol abunda, a carne salgada fica em exposição solar para secar. Essa é a famosa carne-de-sol nordestina. De outra forma a carne é salgada e prensada para que desidrate, prensa que no frio do sul substitui o sol escaldante lá de cima. Essa carne-seca é o charque dos pampas gaúchos. Enquanto a carne-de-sol se pendura em cordas no meio do tempo, os do sul fazem pacotinhos de carne prensada acondicionadas em plástico. São duas naturezas de carne-seca de paladar completamente distinto um do outro. E representam o regionalismo oposto em norte e sul nessa vasta gastronomia de cada região deste imenso Brasil.


Pois bem, alguém já disse que a característica gastronômica carioca é o bife com batata frita de todo dia. Geralmente acompanhado de arroz branco e feijão preto, esse último vindo da feijoada, a gastronomia das rodas de samba carioca. O feijão carioquinha só se come em São Paulo, onde tem mais pizza que em Roma.


Mas se pode encontrar em qualquer botequim do Rio de Janeiro um prato popular em homenagem aos “paraíbas” (esses mesmos “baianos” de São Paulo): carne-seca com abóbora. Já experimentaram? Mas vejam o sincretismo carioca: vão buscar a abóbora no nordeste e o charque nos pampas gaúchos. A gastronomia carioca tenta agradar os gregos e troianos dessa odisséia brasileira...

2 comentários:

Unknown disse...

O fato é que o Rio de Janeiro, por ser uma grande babel de sotaques, torna-se também uma grande babel de paladares. Mas uma ressalva; a feijoada é mineira. Aos escravos das fazendas eram reservados os miúdos dos porcos. As partes nobres eram retidas pela casagrande. Sábios, fizeram do feijão uma feijoada. Em "Quintandeiro", mestre Monarco deixa claro: a macarronada é o autêntico prato dos sambistas. Por que? Por ser a refeição farta mais barata. Na verdade a feijoada é invenção de classe média que se meteu no samba...coisa de Chicos Buarques...

abração !
chico regueira.

Anônimo disse...

Lá interior do Maranhão comí bastante charque e carne sêca. E recentemente comprovei que na Amazônia o charque tambem faz parte da refeição popular.
Pereira