(Edmar Oliveira)
De repente a nossa vida é comandada pelos aplicativos feitos
para celular. O telefone quase não se usa mais como tal. Fala-se muito mais
pelos aplicativos das redes sociais. Tem vários e falam como um telefone, tendo
ainda a imagem instantânea do interlocutor. Até a minha companhia telefônica já
entrou na dança e bolou um aplicativo para eu falar pelo wi-fi em viagens,
evitando o roaming. A esperta capitulou. Cobra uma ligação local em viagens
para concorrer com os aplicativos de conversa.
Existem aplicativos para tradução instantânea da língua que
não falamos, verdadeiras bancas de jornais num aplicativo para lermos o que
interessa dos jornais daqui e do mundo. Aplicativos de saúde para monitorar
corridas, exercícios e alimentação; aplicativos para ouvir música, assistir
filmes, ver futebol. Jogos, então, tem para todos os gostos. E tem muitos
outros de serventia imediata, como saber a linha de ônibus que nos serve – além
do horário que ela passa – ou para chamar um táxi ou seu concorrente – o uber.
Nem falo dos aplicativos de GPS que nos leva ao endereço exato.
E ainda tem aplicativos para os espertos: aqueles que
detectam onde se esconde o radar, para evitar as pegadinhas do DETRAN e não
para que andemos na lei. Para os muitos espertos temos o aplicativo que
localiza as blitzen da Lei Seca que, se o cara não estiver muito bêbado, pode
entender onde seria pego e evitar o local.
Agora dois novos aplicativos, inventados aqui no Brasil,
surpreenderam-me pela esperteza dos inventores detectando mercados insuspeitos
até então.
Um aplicativo para consulta médica na residência a preços
módicos, no exato momento em que o governo interino acena com a morte do SUS.
Você agora pode ter um médico de família por 150 a 200 reais. Tomei um susto!
Ataca os planos de saúde, mas – por outro lado – funciona na extinção de
direitos básicos que os brasileiros tinham até então. O capital sabe tomar dos
pobres o último centavo pela necessidade e até pela fé – como sabem fazer os
falsos profetas das igrejas. Já, já, inventam um aplicativo para o dízimo e
para milagres.
O outro que me deixou de boca aberta foi um aplicativo que
localiza tiroteios no Rio de Janeiro. Agora o carioca antes de sair de casa
consulta o celular para saber qual caminho seguir. E não estou de brincadeira
não. Chama-se “Fogo Cruzado” e foi aprovado pela Anistia Internacional visando
orientar os turistas nas Olimpíadas. Se você vem ao Rio pode baixar o seu. É grátis.
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