domingo, 10 de julho de 2016

FOGO CRUZADO!





(Edmar Oliveira)

De repente a nossa vida é comandada pelos aplicativos feitos para celular. O telefone quase não se usa mais como tal. Fala-se muito mais pelos aplicativos das redes sociais. Tem vários e falam como um telefone, tendo ainda a imagem instantânea do interlocutor. Até a minha companhia telefônica já entrou na dança e bolou um aplicativo para eu falar pelo wi-fi em viagens, evitando o roaming. A esperta capitulou. Cobra uma ligação local em viagens para concorrer com os aplicativos de conversa.

Existem aplicativos para tradução instantânea da língua que não falamos, verdadeiras bancas de jornais num aplicativo para lermos o que interessa dos jornais daqui e do mundo. Aplicativos de saúde para monitorar corridas, exercícios e alimentação; aplicativos para ouvir música, assistir filmes, ver futebol. Jogos, então, tem para todos os gostos. E tem muitos outros de serventia imediata, como saber a linha de ônibus que nos serve – além do horário que ela passa – ou para chamar um táxi ou seu concorrente – o uber. Nem falo dos aplicativos de GPS que nos leva ao endereço exato.

E ainda tem aplicativos para os espertos: aqueles que detectam onde se esconde o radar, para evitar as pegadinhas do DETRAN e não para que andemos na lei. Para os muitos espertos temos o aplicativo que localiza as blitzen da Lei Seca que, se o cara não estiver muito bêbado, pode entender onde seria pego e evitar o local.

Agora dois novos aplicativos, inventados aqui no Brasil, surpreenderam-me pela esperteza dos inventores detectando mercados insuspeitos até então.

Um aplicativo para consulta médica na residência a preços módicos, no exato momento em que o governo interino acena com a morte do SUS. Você agora pode ter um médico de família por 150 a 200 reais. Tomei um susto! Ataca os planos de saúde, mas – por outro lado – funciona na extinção de direitos básicos que os brasileiros tinham até então. O capital sabe tomar dos pobres o último centavo pela necessidade e até pela fé – como sabem fazer os falsos profetas das igrejas. Já, já, inventam um aplicativo para o dízimo e para milagres.

O outro que me deixou de boca aberta foi um aplicativo que localiza tiroteios no Rio de Janeiro. Agora o carioca antes de sair de casa consulta o celular para saber qual caminho seguir. E não estou de brincadeira não. Chama-se “Fogo Cruzado” e foi aprovado pela Anistia Internacional visando orientar os turistas nas Olimpíadas. Se você vem ao Rio pode baixar o seu. É grátis.


  

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