domingo, 10 de julho de 2016

CANÇÃO DA MORTE LENTA


Nada em mim morre de uma vez
Tudo vai morrendo bem devagarinho
As paisagens na lembrança vão ficando pálidas
E as cálidas tardes vão esmaecendo 

Os gestos mais antigos ficam mais difusos
As frases ditas se embaralham em silêncio
Os rostos trocam de nomes sem nenhuma lógica
Os lugares vão perdendo suas referências

Tudo que havia enlaça a novidade
Finda que não reconheço mais minhas memórias
E minhas lembranças tornam-se mentiras

Posso descrever um cenário de encantamento e magia
Simplesmente descrevendo o tempo em que vivi

(Climério Ferreira)
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desenho: Gabriel Archanjo

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