(Edmar Oliveira)
Esses cientistas maravilhosos e suas teorias voadoras! Leio
nas folhas, aquela notícia fria que é publicada quando falta assunto, que
cientistas revisaram a teoria sobre o esquecimento nos idosos. A gente foi convencido
que a cada dia perdíamos neurônios e com isso a nossa capacidade de lembrar e
associar fica mais lenta na proporção direta do envelhecimento.
Pois bem, agora cai essa tese. Novos testes dizem que a
dificuldade de lembrar e associar é proporcional à quantidade de informação
adquirida e, portanto, não são os neurônios que morrem os responsáveis, mas é a
quantidade de informação que faz o pensamento ficar lento. E explicam a nova
teoria com um modelo computadorizado: é como se o disco rígido dos mais vividos
(não mais dos mais velhos, reparem na sutileza) ocupasse a memória disponível
fazendo o computador de cada um rodar mais lento.
Invalidaram até os testes do século passado, como se eles
não correspondessem à complexidade da informação atual. Na nova bateria de
testes inventada, são os menos vividos que têm a dificuldade de associar e
lembrar de fatos não vividos, mas só conhecidos pela leitura e estudo. A
resposta dos mais vividos e que detêm mais informação são lentas, mas muito
mais complexas e explicativas, nos novos testes, do que a resposta dos jovens que
têm uma memória rápida, estupenda, mas vazia. Como um computador novo, que
rapidamente abre os programas, mas não tem conteúdo para ser trabalhado.
Portanto, meus senhores e colegas de vivência, nós teríamos
uma grande vantagem em relação aos nossos filhos e netos.
Mas ainda assim fiquei meio encucado: e essa quantidade de
informação não tem perigo de travar, como acontece aos computadores? E a gente
pode formatar algumas histórias mal contadas? Posso limpar a lixeira de
lembranças que já deletei, para ter mais espaço? Assim como os arquivos temporários
que ficaram aqui e que não quero mais? E quando vão inventar um antivírus para
a demência ou o Alzheimer?
Por outro lado, agora quando esqueço onde coloquei uma
chave, não lembro de um compromisso, passo batido numa data importante, posso explicar
pela quantidade de informação que obtive na minha vida e não fico mais com medo
de que o alemão estava me perseguindo. Até quando não lembro mais o nome dele.
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Para conhecer o assunto:
Já sou avô, em dose dupla. E beleza que ainda me lembro dos nomes deles: Lady Laura e Rei Arthur. Em charge magistral de GERVÁSIO, me preparo enquanto sou:
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