Geraldo Borges
Garrincha
não vale apenas uma crônica, vale uma biografia. O que é que os escritores piauienses estão
esperando para escrever um livro sobre a sua pessoa. Eu acho, sem nenhum
agouro, que já é tempo de meter mãos à obra. O futebol piauiense não é essas
coisas, mas tem uma grande história humorizada pelo Garrincha; e ele mesmo
gostava de jogar bola; isto já é muita coisa. O garrincha com certeza conhece
todas a história do futebol piauiense, o nome de seus melhores jogadores e de
seus pernas de pau, os técnicos, isto desde muito tempo, do tempo do velho auto
esporte do Bibio da Campos Sales e do tempo em que se ouvia as narrativas de jogos sentado ao pé de um radio rabo quente. E haja
imaginação para acompanhar a partida. Eu nada sei de futebol. Joguei, como todo
moleque brasileiro, peladas pelos terrenos baldios da cidade.
Bom. Eu sou só o procurador dessa
crônica, mas não sou o seu personagem principal. Voltemos a ele, ao homem das
pernas cambotas, que tão bem soube usar a sua caneta para falar de futebol, e
que todo mundo sabe é conhecido por Garrincha por causa da parecença com o
famoso jogador de futebol nascido em Pau Grande cidade do Rio de Janeiro, e
campeão do mundo em 1958. Confesso que parece mesmo, e muito. Pois uma vez vi o
jogador Garrincha, original, em pé, ao lado de um banco da Praça Rio Branco. E
tirei a prova ao vivo.
Deusdeth Nunes chegou em Teresina
se o espírito não me falha na década de sessenta, década de fermentações e
explosões políticas e sociais. Vinha do Ceará para trabalhar na agencia do
Banco do Piauí em Teresina, na sua antiga sede onde mais tarde funcionou a
Câmara dos Vereadores, perto do quarteirão climatizado do Alberto Silva.
Garrincha logo se entrosou muito bem com a fina flor da sociedade teresinense graça
ao seu ar humorado, como também com o povão das torcidas de futebol no estádio
Lindolfo Monteiro. Foi o criador do pastel da Maria Divina, este pastel de que
tanto eu ouvi falar, mas nunca vi, nem mesmo senti o cheiro, talvez se tivesse
chagado a experimentar não estaria aqui redigindo esta história do Garrincha.
Porque é sabido e alardeado: quem comia o pastel da Maria Divina, morria.
Garrincha também é o grande
inventor de “o prego na chuteira”, cabeçalho de sua coluna que fala de futebol. Editada no jornal O Dia,
e também propagada pela Radio Difusora, se não me engano. No horário do seu
programa todo mundo fica na expectativa para rir do repertório do Garrincha.
Pegando carona na sua popularidade de radialista e jornalista terminou virando vereador. Mas parece que não
levou a sério a sua nova atividade, se não tinha continuado, como muitos
outros, que se tornam donos da casa. Garrincha tem muita história para contar
sobre o folclore político piauiense. Não vou falar aqui nos seus livros
publicados, que são exemplares. Apenas tocarei de raspão no seu livro ”a
histórias de um professor” o professor de Wall Ferraz. É um livro excelente,
com prefácio de Fonseca Neto, e que merece uma edição melhor elaborada. Foi publicado
em 2002.
Garrincha envelheceu. Continua
jovial.
Foi meu vizinho. Morou na Quintino Bocaiúva, perto
da casa do pai do Deoclecio Santas, próximo a Rua Campos Sales. O melhor do
Garrincha é que mesmo aposentado continua firme, na ativa, perguntando quem
matou Fernanda Lages, fazendo o seu
jornalismo, radio, etc, e, ainda tendo tempo de beber a sua cerveja no bar do Conciliábulo.
O que fazer com o Garrincha? Com Deusdeth Nunes? Talvez já tenha recebido o titulo de cidadão
teresinense, talvez já tenha recebido o titulo de cidadão piauiense. Medalhas, Medalhas. Se não, ainda é tempo. Claro que isso não
vale nada, mas consola, e pode servir de mote para uma piada. Até mesmo porque
a grande comenda que Garrincha ganhou da sociedade teresinense foi a sua
amizade e seu respeito.
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na foto das antigas: Garrincha e Carlos Said, o que obriga o Geraldo a escrever uma coluna sobre o magro de aço.
2 comentários:
Tinha uma provocaçãozinha irritante que dizia "que quando essa coxas desinchar..." Quááá!
Excelente lembrança!!!!
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