domingo, 12 de maio de 2013

Deusdeth Nunes, o Garrincha.


Geraldo Borges            
 
            Garrincha não vale apenas uma crônica, vale uma biografia.  O que é que os escritores piauienses estão esperando para escrever um livro sobre a sua pessoa. Eu acho, sem nenhum agouro, que já é tempo de meter mãos à obra. O futebol piauiense não é essas coisas, mas tem uma grande história humorizada pelo Garrincha; e ele mesmo gostava de jogar bola; isto já é muita coisa. O garrincha com certeza conhece todas a história do futebol piauiense, o nome de seus melhores jogadores e de seus pernas de pau, os técnicos, isto desde muito tempo, do tempo do velho auto esporte do Bibio da Campos Sales e do tempo em que se   ouvia as narrativas de jogos  sentado ao pé de um radio rabo quente. E haja imaginação para acompanhar a partida. Eu nada sei de futebol. Joguei, como todo moleque brasileiro, peladas pelos terrenos baldios da cidade.

Bom. Eu sou só o procurador dessa crônica, mas não sou o seu personagem principal. Voltemos a ele, ao homem das pernas cambotas, que tão bem soube usar a sua caneta para falar de futebol, e que todo mundo sabe é conhecido por Garrincha por causa da parecença com o famoso jogador de futebol nascido em Pau Grande cidade do Rio de Janeiro, e campeão do mundo em 1958. Confesso que parece mesmo, e muito. Pois uma vez vi o jogador Garrincha, original, em pé, ao lado de um banco da Praça Rio Branco. E tirei a prova ao vivo.

Deusdeth Nunes chegou em Teresina se o espírito não me falha na década de sessenta, década de fermentações e explosões políticas e sociais. Vinha do Ceará para trabalhar na agencia do Banco do Piauí em Teresina, na sua antiga sede onde mais tarde funcionou a Câmara dos Vereadores, perto do quarteirão climatizado do Alberto Silva. Garrincha logo se entrosou muito bem com a fina flor da sociedade teresinense graça ao seu ar humorado, como também com o povão das torcidas de futebol no estádio Lindolfo Monteiro. Foi o criador do pastel da Maria Divina, este pastel de que tanto eu ouvi falar, mas nunca vi, nem mesmo senti o cheiro, talvez se tivesse chagado a experimentar não estaria aqui redigindo esta história do Garrincha. Porque é sabido e alardeado: quem comia o pastel da Maria Divina, morria.

Garrincha também é o grande inventor de “o prego na chuteira”, cabeçalho de sua coluna  que fala de futebol. Editada no jornal O Dia, e também propagada pela Radio Difusora, se não me engano. No horário do seu programa todo mundo fica na expectativa para rir do repertório do Garrincha. Pegando carona na sua popularidade de radialista e jornalista  terminou virando vereador. Mas parece que não levou a sério a sua nova atividade, se não tinha continuado, como muitos outros, que se  tornam donos da casa.  Garrincha tem muita história para contar sobre o folclore político piauiense. Não vou falar aqui nos seus livros publicados, que são exemplares. Apenas tocarei de raspão no seu livro ”a histórias de um professor” o professor de Wall Ferraz. É um livro excelente, com prefácio de Fonseca Neto, e que merece uma edição melhor elaborada. Foi publicado em 2002.

Garrincha envelheceu. Continua jovial.

 Foi meu vizinho. Morou na Quintino Bocaiúva, perto da casa do pai do Deoclecio Santas, próximo a Rua Campos Sales. O melhor do Garrincha é que mesmo aposentado continua firme, na ativa, perguntando quem matou  Fernanda Lages, fazendo o seu jornalismo, radio, etc, e, ainda tendo tempo de beber a sua cerveja no bar do Conciliábulo. O que fazer com o Garrincha? Com Deusdeth Nunes?  Talvez já tenha recebido o titulo de cidadão teresinense, talvez já tenha recebido o titulo de cidadão piauiense.  Medalhas, Medalhas.  Se não, ainda é tempo. Claro que isso não vale nada, mas consola, e pode servir de mote para uma piada. Até mesmo porque a grande comenda que Garrincha ganhou da sociedade teresinense foi a sua amizade e seu respeito.
 
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na foto das antigas: Garrincha e Carlos Said, o que obriga o Geraldo a escrever uma coluna sobre o magro de aço.
 
 

2 comentários:

João de Deus "Netto" disse...

Tinha uma provocaçãozinha irritante que dizia "que quando essa coxas desinchar..." Quááá!

GISLENO disse...

Excelente lembrança!!!!