Paulo José Cunha
Para Thiago de Mello
Quando não restar mais nada
Quando o amor for embora
E quando alguém perguntar
E então, José: e agora?
Quando a esperança acabar
Quando o escuro voltar
(Que o escuro não descansa
Sempre pode retornar)
De algum ponto da floresta
Barreirinha ou Jamundá
Ou de algum fundo de rio
Amazonas, Paranoá,
Ressurgirá a loucura
A doidice abençoada
De algum poeta Thiago
Que sairá mundo afora
Ensinando a toda gente
Que quanto mais faz escuro
Mais é preciso cantar
Por isso chegou a hora
De ir pra rua gritar
Que a poesia é da rua
E que já passa da hora
De ir pra todo lugar
Dizer que a vida é agora
E que o escuro é o sinal
De que a aurora vem vindo
E que a manhã vai chegar.
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ilustração: "Resadeira" de Paulo Moura
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