Durvalino Couto
(Edmar:
Fiz este poema imediatamente depois de ler a crônica que Gullar escreveu na Folha de São Paulo, domingo, 17 de agosto, com este mesmo título. A crônica é justamente sobre a ânsia do poeta em descrever um fato aparentemente corriqueiro, mas que o desestruturou no meio do tempo: o cheiro/olor de um jasmineiro em flor, no bairro do Flamengo.Bom, não conheço o poema que nasceu da experiência do poeta maranhense, quando foi (literalmente) atacado pelo jasmineiro, e creio que deva ser excelente. Modestiamente fiz o poema que a crônica despertou em mim. Acho que ainda não o havia mandado para o Piauinauta. Eis, portanto.
Durvalino)
Ô louco
olor
Lorens Ginas
Marilyns Marílias
Scarletts Sâmias
nem uma ninfa
me lançou nesse torpor
Fui assaltado por um jasmineiro em flor
em pleno Flamengo
Mingus Miles
monstros musicais
não levaram a cabo esses
sentimentos viscerais
(– esse cheiro! –)
Tais quais esse jasmineiro
Seria jasmim-do-cabo? Um feiticeiro?
Aromas ancestrais?
Chanel nº 5
lençóis fatais
Ô louco
olor
Chamem os policiais
tomem providências contra jasmineiros
prendam os jardineiros
esse jasmim traiçoeiro
por que o cultivais?
O assalto à página branca
não o explicará
jamais
Flor de maracujás!
Essência de manga-rosa
bosta de vaca
que emana dos currais
Que poeta sou?
Essência de Odisseu?
Circe Nunca Mais
Um jasmim deu cabo de minhas narinas
conspícuas e NASAis
Fora do poema não existem rosas
assim tão vaporosas
– por que me assaltais?
Durvalino Filho
no Day After, 18 de agosto de 2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário