
Montagem: foto de Jairo Felipe - meninos no cais do rio Parnaíba, em Teresina, pescam piabas e fisgam o astronauta em esquema da Wilkipédia.

o mais do que desejara. Enquanto viveu este filho só lhe deu alegria, até ser atravessado por um tiro de fuzil, no alto do morro, em confronto com o caveirão da polícia. Subiu aos céus na semana santa. E em todo Natal Maria lembra do filho imolado para que seus irmãos tivessem uma vida mais decente nesta terra abençoada. Toda segunda feira Maria acende uma vela pro seu Jesus. E esta segunda feira é véspera de Natal...
. Passei por algumas delas e não senti emoção alguma. Não fui contagiado pelo espírito artístico que emana das criaturas modernas. Talvez por não entender muito da modernidade artística. São simpáticas, posso admitir, mas convenhamos que é muito pouco para descrever emoções da minha relação com os trabalhos artísticos. Entretanto, volto a afirmar minha ignorância no assunto. As vacas da parada não são agressivas como o touro de Wall Street, que é o guardião do vigor capitalista. Não fazem parte daquela manada. A única sensação que senti é que elas estavam indo pro brejo! Mesmo a vaca deitada na praia ou a que toma água de coco. E me pareceram levar toda a cidade pro brejo. Esta cidade, que não suporta a quantidade de problemas que tem de enfrentar, parece não achar solução que não seja o brejo. As vacas ilustraram a inviabilidade da cidade na minha imaginação. E se a maioria delas não alcançaram em mim outro sentimento, além da simpatia, pelo menos de duas eu não gostei. A literalidade da “mão-de-vaca” – uma mão gigante abarca uma vaca em tamanho natural – não corresponde ao significado da usura, nem ao saboroso prato nordestino que, certamente, o artista não co
nhece. E a “vaca-leitora” – sentada no banco em Copacabana ao lado do Drummond – também não me agradou. Parece avacalhar o poeta. Mas a “vaca-atolada” - iguaria mineira - ainda não achei. Esta deve mesmo já estar no brejo...