Andando pelas ruas da zona sul do Rio de Janeiro você pode se deparar com um cara, ou uma cara, tentando conduzir, ou ser conduzido, por uma porção de cães. A primeira coisa que chama atenção é que o condutor, ou condutora, desses cachorros sai “pastorando” umas tantas raças diferente desses animais. Tem os totós muito pequenos, que são quase pisoteados pelos enormes, tem os mansos e os valentes, os que querem ir e os que empacam, quando não querem voltar. Você pode imaginar a aflição do responsável por essa irresponsabilidade na via pública?
Outra característica da cena em questão é que o homem ou mulher condutores são muitos menos cuidados do que os conduzidos. Os cães são penteados, de coleira, cheirosos, bem vestidos, enquanto os humanos da profissão são muito mais maltratados. E ainda ficam em desespero tendo que apanhar bosta dos cagões, atividade sempre contagiosa no grupo de totós. E é um grande saco de lixo preto cheio de merda que o condutor carrega consigo, amarrado à cintura, já que as mãos estão ocupadas com tantas coleiras.
E quando dois ou mais cães resolvem brigar, aí a atividade fica muito mais complicada. Já vi cenas em que o humano quase sucumbe no meio dos cães e eu ficava torcendo para que ele soltasse aqueles bichos nervosos. Mas o homem tinha que fazer o seu trabalho.
Pois é, essa é uma profissão em alta na zona sul do Rio de Janeiro: “passeador” de cães! O profissional recolhe os cachorros nos apartamentos e junta todos para um passeio matinal que termina numa homérica cagada coletiva. E aqui o “politicamente correto” instituído obriga o profissional a recolher a merda dos cães para que não fiquem nas calçadas esperando um pé desprevenido.
Fiquei a imaginar o que produzia a expansão dessa atividade. Geralmente o humano apegado ao seu cão sabe da obrigação de fazer o passeio matinal para a cagada diária. Ainda encontro uma ou outra madame, ou madamo, nessa atividade solitária. Seria o envelhecimento dos donos de cachorros que estaria incrementando a profissão do passeador? Seria um cansaço dos donos e a melhoria da situação econômica que puxou esse novo negócio?
Mas bem que podia ser a vergonha da exposição de tal situação. Tenho um amigo que filosofa dizendo que ao ver um humano solitário segurando a coleira do seu cão, aquele cara que só fala com o seu cachorro e mais ninguém, tem a impressão que essa é a última etapa da degradação humana. Meu amigo filósofo diz que um ser solitário que só vive para seu cão acabou enquanto humano. Há controvérsias. E pode ter exceções, mas que a tese é consistente, lá isso eu acho...
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