(Edmar Oliveira)
Gostemos ou não, a política faz parte da nossa vida e, de
certa forma, nos governa. E cada um, governado pela sua ideologia política,
deve resultar na maioria que governa uma nação. E eu só gosto da democracia
porque ela permite que a minoria se manifeste. Pois eu, quase sempre, faço
parte da minoria.
E, por mais que não gostemos, são os partidos que nos
representam numa democracia. Cada qual com o seu, com as qualidades e defeitos
inerentes de cada um. Até acho que temos partidos em demasia. Cinco ou seis já davam
para cobrir o espectro político.
Mas não é só a quantidade de partidos que nos trazem
problema, a qualidade deles e a clara explicitação da “missão” de cada um já
ajudaria. Não é assim que acontece: quando o Partido dos Trabalhadores tem
Sarney, Barbalho e Renan como aliados, a “missão” desse partido já parece
desvirtuada. Quando num partido “socialista” tem Heráclito e Bornhausen, a
“missão” socialista já se foi pras picas. Quando um presidenciável de um
partido que se diz socialdemocrata apoia abertamente o agronegócio o caráter
neoliberal aparece desavergonhadamente.
A ditadura tinha fingido brincar de democracia com dois partidos:
Arena e MDB. A gente dizia na época: o partido do “sim” e o do “sim, senhor”.
Quando a ditadura acabou a Arena virou um irônico Partido Social Democrata, que
depois pariu o Partido Popular e o Partido da Frente Liberal, numa alcunha mais
condizente com o ressurgimento do liberalismo. Emprestou seu caráter ao
neoliberalismo tucano e depois trocou de roupa mais uma vez para voltar a
ironia e se chamar Democratas. Deles restam o dono do PP, o senhor Dorneles, os
herdeiros do carlismo na Bahia, uns poucos Agripinos no Rio Grande do Norte e a
loucura do Cesar Maia no Rio. O resto desertou findando a Arena e se
travestindo de democratas em outros partidos.
O MDB, que foi criado para fingir uma oposição ao partido
oficial dos militares, virou o atual PMDB. Que, apesar da importância de um
Ulisses Guimarães, foi com Sarney, Renan, Barbalho e outros oportunistas que formou
o seu DNA. E no seu gene está inscrito a mutação camaleônica para não apear do
poder. Tanto assim que numa disputa mais dura entre tucanos e petistas uma
raposa vaticinou: “não se sabe quem vai ser o presidente, mas o líder do
governo já tá definido que será o Romero Jucá do PMDB”. E acertou. Quem era
líder do governo tucano mudou de lado para ser líder do governo petista. E de
tanto não saber se estava à direita ou à esquerda, o PMDB se tornou um camaleão
com apetite de fazer da política uma maneira de enriquecimento sem escrúpulos.
E já desde muito tempo, lá atrás, ele vem sendo o partido por trás (e pela
frente) dos escândalos.
E aí o PMDB emprestou o seu “know-haw” aos partidos a quem
se aliou: aparelhamento das empresas através dos cargos comissionados com o
objetivo explícito de enriquecer os aliados. Agora mesmo um deputado do partido
dos trabalhadores foi ouvido numa escuta falando com o interlocutor que a
“operação” em que estavam envolvidos faria a independência financeira dos dois.
Com dinheiro público, que o escândalo de amanhã nos faz esquecer o escândalo de
hoje, assim caminha nossa “política”.
E não adianta tirar a Dilma da presidência, pois as opções
que se apresentam são ainda piores. E o PMDB vai se aliar a quem ganhar para
ensinar o “know-haw” do caminho curto de enriquecimento, desmoralizando quem
quiser ter objetivos diferentes. O PMDB igualou todos os partidos a quem se
aliou.
Eu só vejo uma saída para salvar a política do país:
expulsar o PMDB do romance político, quase uma solução de como Oswald de
Andrade expulsou o personagem Pinto Calçudo do romance João Miramar. E cassar
qualquer político, de qualquer partido, que apresente um comportamento
PMDBista. Fora disso o modo de governar PMDBista contaminará a todos os
partidos e não haverá esperança neste país.
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