domingo, 22 de julho de 2012

Cariocas


Edmar Oliveira

Os cariocas já foram retratados pela gaúcha Adriana Calcanhoto com perfeição. “Não gostam de dias nublados” chega a ser o contrário dos piauienses que sapecam um “ta bonito pra chover” quando as nuvens atrapalham o sol inclemente. Mas faltou referência a autoestima exagerada desse povo dourado. Estou aqui me referindo ao carioca do cartão postal, o que sai na metade do túnel Rebouças para Laranjeiras e nunca o atravessam para o subúrbio. 

Esses têm certeza que o “povo eleito” de Deus são eles. O recorte das praias num litoral azul turquesa que apertam seus habitantes ao pé da montanha cria um espaço habitável privilegiado. O morro Dois Irmãos e o Pão de Açúcar, abençoados pelo Corcovado, são parte de um relevo geográfico bonito por natureza, abençoado por Deus nos versos do poeta. Isso junto faz a alma carioca ser elevada ao nirvana da autoestima.  

Mas não sei o que acontece, os cariocas sempre elegeram os piores gestores de sua cidade. Nunca acertei um voto desde que me fixei aqui. E se você pensa que não pode piorar, sempre piora. Depois de uma eternidade de mandato dos maias de um César Imperador, apareceu um menino criado por César, que se intitula um gerente da empresa carioca sociedade anônima, protegido do governo estadual e federal. E o menino gosta de obrar para as construtoras, onde a prefeitura muda a fachada da empresa a cada dia, mas se recusa a zelar pela educação, saúde e assistência social, deixando sua função política na mão do mercado. Trágico alcaide que serve a elite, esquecendo os outros filhos de Deus.

Agora disputa sua reeleição com o próprio filho de César, um Rodriguinho qualquer amigado politicamente com a filha do nefasto casal Garotinho e Rosinha, que tanto mal fizeram ao Estado. Caminhamos para mais uma triste eleição. 

No meio do caminho apareceu o Freixo. Lançado personagem de cinema pelo Padilha, ousou enfrentar a milícia do subúrbio para aonde até o Cristo Redentor dá as costas, segundo a música do Chico. Já surgiram outros anticandidatos na cidade. Nunca tiveram sucesso. Ele bem que podia ser eleito se tocasse a autoestima dos alegres bacanas.  

Mas temo o circo armado pelo governo federal e estadual, que, para que a continuidade do seu projeto político seja mantida, se alia até com o inimigo, faça o carioca entender que sua autoestima esteja nessa aliança. Aí, sem chance...  




Um comentário:

João Grillo disse...

Vota-se o mais rápido possível porque "deu praia" (ô novidade!) e eu não quero perder tempo com esta me... Ih, meu camarada, tem que escolher o mané ainda! Olha pros lados, e enfim se conscientiza: Aííí, vai votar em quem?!