.
Já estive
presente, como cronista, em muitos funerais importantes, funerais de
presidentes. O primeiro deles foi o do presidente Getulio Vargas, em 1954, eu
tinha treze anos de idade. Morreu em agosto mês aziago. Suicidou-se para bem
dizer. A minha cidade ficou triste, desamparada, ruas desertas; os rádios
tocavam músicas dolentes, locutores liam a sua famosa carta. O povo chorava. A
elite pro imperialista estava aliviada. O velhinho tinha muitos inimigos.
Quando Getulio morreu Janio Quadros
era prefeito da cidade de São Paulo, com a eloqüência que lhe era peculiar fez
um discurso, sem duvida engrandecendo a biografia do falecido. Menos de dez
anos depois eu votei nele, em 1960 para presidente da República. Foi eleito,
juntamente com João Gullart que já tinha sido ministro de Getúlio Vargas. Janio
Quadros prometera uma política de austeridade e de combate a corrupção, e virou
folclore por causa de seus famosos bilhetes, dispensando a burocracia. Era um
prato cheio para os humoristas. Parece que não conseguiu fazer muita coisa o
seu tempo no governo foi pouco. Teve tempo para condecorar Che Guevara, o que
talvez tenha melindrado as forças armadas.
Tentando alguma estratégia política, ninguém sabe, renunciou,
e colocar a desculpa nas forças ocultas, A batata quente ficou com João Gullart,
que passou pela campanha da legalidade, e pelo plebiscito para poder governar e
não governou. Os militares achavam que ele era comunista e o perderam. O homem
teve que fugir.
Também assisti os funerais de João
Gullart, o herdeiro de getulismo, o seu ministro do trabalho, uma morte até
hoje nunca esclarecida,
Passaram – se os anos. Assisti o
funeral de Juscelino Os velhos presidentes, os grandes lideres saiam do palco
misteriosamente. Depois veio a vez de Tancredo Neves, outro herdeiro de
Getúlio. Era uma opção para o advento da democracia, eleito pelo congresso, ia
tomar posse. Não tomou. Morreu. Em seu lugar tomou posse um homem chamado
Sarney, de confiança das forças armadas.
E assim terminou vinte e um anos de
ditadura, que estava sendo planejada desde o suicídio de Getulio. Quanto aos
generais presidentes também assisti aos seus enterros, ouvi as salvas de tiros
em suas homenagens. Mas a crônica não está terminada. Um dos presidentes que
fazem parte dessa história é duro na queda. Uma academia deu-lhe o titulo de
imortal..
Nenhum comentário:
Postar um comentário