domingo, 8 de julho de 2012

Funerais de Presidentes

Geraldo Borges   
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          Já estive presente, como cronista, em muitos funerais importantes, funerais de presidentes. O primeiro deles foi o do presidente Getulio Vargas, em 1954, eu tinha treze anos de idade. Morreu em agosto mês aziago. Suicidou-se para bem dizer. A minha cidade ficou triste, desamparada, ruas desertas; os rádios tocavam músicas dolentes, locutores liam a sua famosa carta. O povo chorava. A elite pro imperialista estava aliviada. O velhinho tinha muitos inimigos.

          Quando Getulio morreu Janio Quadros era prefeito da cidade de São Paulo, com a eloqüência que lhe era peculiar fez um discurso, sem duvida engrandecendo a biografia do falecido. Menos de dez anos depois eu votei nele, em 1960 para presidente da República. Foi eleito, juntamente com João Gullart que já tinha sido ministro de Getúlio Vargas. Janio Quadros prometera uma política de austeridade e de combate a corrupção, e virou folclore por causa de seus famosos bilhetes, dispensando a burocracia. Era um prato cheio para os humoristas. Parece que não conseguiu fazer muita coisa o seu tempo no governo foi pouco. Teve tempo para condecorar Che Guevara, o que talvez tenha melindrado as forças armadas.

Tentando alguma estratégia política, ninguém sabe, renunciou, e colocar a desculpa nas forças ocultas, A batata quente ficou com João Gullart, que passou pela campanha da legalidade, e pelo plebiscito para poder governar e não governou. Os militares achavam que ele era comunista e o perderam. O homem teve que fugir.

          Também assisti os funerais de João Gullart, o herdeiro de getulismo, o seu ministro do trabalho, uma morte até hoje nunca esclarecida,

          Passaram – se os anos. Assisti o funeral de Juscelino Os velhos presidentes, os grandes lideres saiam do palco misteriosamente. Depois veio a vez de Tancredo Neves, outro herdeiro de Getúlio. Era uma opção para o advento da democracia, eleito pelo congresso, ia tomar posse. Não tomou. Morreu. Em seu lugar tomou posse um homem chamado Sarney, de confiança das forças armadas.

          E assim terminou vinte e um anos de ditadura, que estava sendo planejada desde o suicídio de Getulio. Quanto aos generais presidentes também assisti aos seus enterros, ouvi as salvas de tiros em suas homenagens. Mas a crônica não está terminada. Um dos presidentes que fazem parte dessa história é duro na queda. Uma academia deu-lhe o titulo de imortal.. 

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