domingo, 24 de outubro de 2010

O Piauí e seu porto marítimo

Geraldo Borges



Amarração era o nome de um município que o Piauí ganhou em troca de dois de seus municípios, chamados: Príncipe Imperial e Independência, o mar custou caro, com certeza os cearenses saíram ganhando. Amarração, bonito nome, o nome já indica que poderia ser um grande porto. Mas os políticos mudaram o nome do município para Luis Correia. E até hoje ainda não se construiu um porto na antiga cidade de Amarração. Ou, melhor, sua construção nunca foi terminada.



Desde o começo da década de vinte do século passado que os notáveis interessados pelo progresso do município se reúnem para tratar da construção do Porto, aproveitar o esboço de atracadouro, que os cearenses haviam construindo quando ainda eram donos da cidade a partir de 1820 Como se pode ver, há quase dois séculos se luta pela construção deste porto e nada..O Ceará com a sua grande faixa de litoral de verdes mares bravios construiu o seu porto em tempo hábil. .



No Maranhão, o Porto de Itaqui se projeta no Meio Norte ligado a estrada de ferro, para a exportação de minério de Carajás. O porto de Pernambuco e o da Bahia foi uma necessidade econômica de duas cidades litorâneas responsáveis pelo desenvolvimento colonial do Brasil no Nordeste. Se a colonização e povoamento do Piauí tivesse se dado a partir do litoral para o interior, com certeza o seu porto não seria apenas uma promessa, já estaria a muito tempo consolidado.



O Piauí ficava muito longe do mar, no interior, ficou mais próximo quando mudou sua capital para à margem do rio Parnaíba. Para se chegar a Teresina o passageiro que vinha do Rio de Janeiro, por exemplo, teria de viajar ate ao porto de São Luiz, Baia de são Marcos, e dali pegar um trem para Teresina.Ou chegar ao porto de Tutuia perto de Parnaíba,e embarcar em um vapor, e subir o rio até Teresina. Haja enjôo. A nossa dependência do Maranhão era gritante.



Pensando bem. Sem querer atravancar o progresso, o Piauí não precisa mais de porto. Demorou tanto a construí-lo que agora é quase dispensável. Basta uma marina para o prazer dos turistas.A falta de um porto não vai afetar o comercio piauiense que pode importar e exportar os seus produtos por outros caminhos. Precisamos é de aeroportos. O progresso esta voando. Mas os ufanistas da província, os políticos de plantão vão dizer que o porto é uma necessidade urgente.. É mesmo? E por que ainda não o fizeram?



Em 1976, estive em Parnaíba dando aulas de história para a Universidade Federal Piauiense, e tive a oportunidade de presenciar muito movimento de carro caçamba conduzindo material para a construção do porto. Faz mais de trinta anos e cadê o porto? O gato comeu. “ O porto continua lá, abandonado. Os últimos investimentos na obra foram feitos há quase 30 anos.” Zozimo Tavares. Não me deixa mentir. Tudo bem. O melhor momento para a construção do porto já passou, que foi no tempo do Ministro Petrônio Portella,do ministro Reis Veloso que é Parnaibano, por que não dizer do grande tocador de obra que era o coronel Andreazza. Tempo em que a ditadura construiu grandes monumentos, estádios Albertao, Castelão. O Piauí atolado em sua pobreza não passa de um apêndice dos outros estados Nordestinos.



Torno a repetir, se o Piauí fosse um estado litorâneo por origem e não uma fazenda de gado se expandindo no interior entre as fronteiras da Bahia e Pernambuco, já teria seu porto de Amarração. Digo Amarração. Porque Amarração seria um lindo nome para um porto. Mais de duzentos anos de luta por um porto, e nada. Onde estão as amarras? Onde está Amarração. A obra está em ruína, abandonada. Mas, por incrível que parece existe um farol ao largo do mar, chamado Farol da Amarração. Assim está registrado no mapa do Piauí. É como se ele estivesse esperando a inauguração do porto. Um farol. Uma esperança.





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