domingo, 24 de outubro de 2010

As caliandras de fogo

Paulo José Cunha









Nos quintais daqui, principalmente nos abandonados, ou no meio do cerradão goiano, é tempo de surgirem as caliandras. A variedade de cor vermelha floresce em qualquer lugar, quando quer florescer, no meio do mato, nos depósitos de lixo, na terra seca. Conheço gente que já colheu com todo o carinho um pé de caliandra, plantou num jarro e a planta morreu ou não foi pra frente. Já nos quintais abandonados, sem cuidado algum, a danada da florzinha se dá muito bem, fica linda...





Um poema dedicado a essa moça bonita que recusa o cativeiro dos jarros e celebra a liberdade de espalhar sua beleza onde quer e entende. Nos anexos, algumas fotos pra quem não a conhece.





Abraços, boa semana!







As caliandras de fogo


.


Sinhô diga, por favor:


esses incêndios no mato


devastando bicho e gente


será que seijem por obra


das tochas das caliandras?


.


E o vermelhão no poente


mesmo que o céu fosse fogo


seria, sinhô me aclare,


via o vapor que alevanta


do sangue das caliandras?


.


E essa terra encarnada


do cerradão planaltino,


será se sêsse do sumo


vertido das caliandras


na lida de seu destino?


.


Por derradeiro, me avie:


será coisa do feitiço


ou praga das salamandras


meus olhos se desatarem


num estropiço de pranto


quando avisto as caliandras?

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