Certa feita, visitei uma tia já bem velhinha e com vários irmãos já falecidos - inclusive meu pai. Ela estava bem para a idade. Mas você faz aquela pergunta idiota sem querer: "Você está bem, tia?"
Ela, sagaz toda vida, entendeu minha preocupação e respondeu com um sorriso; "Edmarzinho, meu filho, os pequis tão caindo!"
No sertão, quando os pequis começam a cair é necessário correr para aproveitar a safra. Quando começam a cair os primeiros pequis, rapidamente os outros caem atrás, até não haver mais pequis no pequizeiro. No chão, eles são colhidos ou apodrecem rápido, quando não são comidos por animais. E depois, só na outra safra.
Quando comeram a morrer os amigos de minha geração, comentei essa história dos pequis com Geraldo Borges. O poeta tascou um poema de dar medo:
A queda dos pequis.
Os pequis estão caindo
No calendário da vida
Uns chegando ou sumindo
Todos jogando a partida.
O amigo que vai embora
Primeiro e nos diz adeus
E eu espero a minha hora
Pois um pequi deus me deu.
Os pequis estão caindo
Graves maduros no chão
Tudo bem sejam bem - vindos.
O pequi do doutor Noronha
Fruto da nossa velha geração
Já celebrou a sua façanha.
(Geraldo Borges)
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