domingo, 20 de janeiro de 2013

Rubem Braga

Irmãos e irmãzinhas: no momento em que se comemora o centenário de nascimento do maior cronista brasileiro de todos os tempos, poucos se lembram de que o velho Rubem, poeta bissexto, escreveu alguns poemas razoáveis. Eis aqui uma pequena mostra. Uma semana luminosa para todos. (Cinéas Santos)


Ao Espelho



Tu, que não foste belo nem perfeito,
Ora te vejo (e tu me vês) com tédio
E vã melancolia, contrafeito,
Como a um condenado sem remédio.

Evitas meu olhar inquiridor
Fugindo, aos meus dois olhos vermelhos,
Porque já te falece algum valor
Para enfrentar o tédio dos espelhos.

Ontem bebeste em demasia, certo,
Mas não foi, convenhamos, a primeira
Nem a milésima vez que hás bebido.

Volta portanto a cara, vê de perto
A cara, tua cara verdadeira,
Oh Braga envelhecido, envilecido.

(Rubem Braga)
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caricatura de Netto do blog Picinez

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