Hoje fui à
feira e comprei uma melancia. Vi um menino que andava ali por perto com o
carrinho de mão e perguntei a ele se poderia deixar a minha melancia lá em casa. Não ficava
longe. Apenas cinco quarteirões. Acertamos o preço.
O menino botou a melancia dentro do carro de mão. E eu
o acompanhei dizendo por onde ele deveria ir.
O menino tinha uma barriga grande, uma bacia. Semelhante
a melancia que ele carregava.
Perguntei lhe se
tinha pai, mãe, irmã, se estudava.
Respondeu-me
que tinha pai, tinha mãe. Mas os dois eram separados. Não tinha irmãos. Era
criado por seu padrinho. Ele lhe dera aquele caro de mão para fazer serviço na
feira.
O menino
chegou em minha casa, cansado. A melancia era grande. Ele teve que abraçá-la
para tirá-la de dentro do carro. Mas não sei lá por que a melancia escorregou de seus braços de cambito e caiu
no chão, espatifando-se. Foi água para
todos os lados. Eu disse, porra.
O garoto fez uma cara de amargura. E um riso
besta. Como se fosse perder o dinheiro
do serviço.
As vísceras da melancia, brilhavam na calçada, escancaradas. Senti que o menino estava doido para
pegar um pedaço e começar a matar a sede.Pois o sol estava escaldante e
ele suava muito.
Para incentivá-lo peguei um pedaço e disse
pegue outro. Está bem doce. Ele pegou.
- Bote
o resto no seu carrinho, E está aqui o dinheiro do frete.
O menino olhou para mim com os olhos de gente
grande, e me disse.
- Não senhor.
Não precisa pagar não. Eu quebrei a sua melancia.
- Mas você não
teve culpa. Não se incomode. .
O menino pegou os pedaços da melancia, botou dentro do
carro, e se encaminhou para a feira.
Eu entrei em
minha casa pensando. No tempo em que eu era menino meu pai plantava melancias, mas as melancias
eram miúdas, não se comparam as melancias de hoje, tão grandes e pesadas que muitas vezes são vendidas aos pedaços.
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