ATO
seja sempre assim, bailarina,
menina dos olhos da lua,
toda vestida de gente
toda vestida de nua.
menina dos olhos da lua,
toda vestida de gente
toda vestida de nua.
seja sempre assim,
belarina,
serpente dos olhos de vidro,
clara e nua
toda vestida de fogo
toda vestida de lua.
Salgado Maranhão
belarina,
serpente dos olhos de vidro,
clara e nua
toda vestida de fogo
toda vestida de lua.
Salgado Maranhão
Do livro: Punhos da Serpente, Achiamé, 1989, RJ. Desenho Netto de Deus
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charge: Netto de Deus
2 comentários:
EITA, SALGADO DANADO DE BOM!!!!!!
É uma satisfação encontrar esse site, que não conhecia, e encontrar um poema de Salgado Maranhão, poeta fundamental na formação da poesia brasileira contemporânea. Poeta que, como poucos, soube traduzir em versos, o drama do homem que vive o impasse ante a dor e o silenciar da própria existência.
Outro poeta, Carlos Dimuro, soube homenageá-lo magistralmente:
Um Rio Salgado
Apesar de navegar sereias,
não é doce
O rio que corta
o teu poema.
Sabem-se salgados,
os escombros que se escondem
sob as escamas da tua escrita.
E o que em ti é peixe,
se debate em guelras e guerras
numa incansável
respiração boca a boca
com a palavra.
A salinidade ancestral
de tuas águas,
refinadas pelos deuses,
tempera o profano:
o sagrado no salgado.
No rio que segue
o curso líquido dos mistérios
da linguagem,
um cardume de versos
anuncia o mar. (Carlos Dimuro)
Parabéns a todos Iracy De Souza
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