Geraldo Borges
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O bule azul de flandre florido fumegante
Está sobre a toalha da mesa de carvalho
Cheio de café preto para o desjejum matinal
A família reparte o pão com manteiga
O dono da casa serve-se em xícara de porcelana
A fumaça do café quente sai pelo bico do bule
A mão forte do dono da casa segura a asa curvilínea
Do bule como se estivesse fazendo uma reverência
Depois o depõe de novo sobre a mesa
O restante da família serve-se de café com leite
Um ruído de colherinhas e pires no fundo das
Xícaras anima o amanhecer com os passarinhos.
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Os descendentes dos donos do bule
Agora estão em outra cidade na capital
Não possuem mais bule de flandre florido
Em redor de uma mesa que não tem toalha.
É apenas um espelho.... Está uma garrafa térmica
De aço marca chinesa ou japonesa sem bico sem asas
Basta afrouxar a rolha está aberto o gargalo.
Desta vez quem pega primeiro a garrafa para
Derramar o café na xícara é a dona da casa.
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ilustração: "Bule Azul" de Carlos Scliar
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