domingo, 8 de maio de 2016

PIPOCA NUMA HORA DESSAS?



desenho: Zepa Ferrer



Algo inacreditável acontece com a justiça neste país. A nação espera há quase seis meses que o STF abra inquérito contra as inúmeras acusações que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é portador sabido e provado e suas excelências da Suprema Corte acham por bem debater se se pode comprar pipoca do pipoqueiro da esquina para entrar no cinema ou se essa atividade é uma exclusividade dos megaempresários das casas de diversão. Pipoca numa hora dessas?

Parece inacreditável: o país em desgoverno, com um parlamento golpista – no sentido mais torpe da palavra – e o judiciário ignora. Provocado há quase seis meses sobre as falcatruas do notório bandido que preside a Câmara dos Deputados, suas excelências adiam sua decisão, talvez por achar os direitos sobre a pipoca no cinema mais importante de todas as querelas que atravessam a nossa jovem democracia.

Talvez as “forças ocultas” queiram dizer que a nossa democracia foi de milho a pipoca num estalar de dedos e lavagem de mãos. Talvez o pipoqueiro da esquina faça uma concorrência desleal à pipoca do cinema – que custa mais caro que o ingresso – e isso é a maior fonte de renda do nosso empresário da diversão. Sem ela podemos ficar sem o bendito cinema de todas as tardes. E o pipoqueiro e seu carrinho estão livres para aparecerem onde se junta qualquer multidão e devem deixar a concorrência desleal que fazem na porta do cinema. Talvez eu não tenha entendido a crucial importância do caso dado por “suas excelências”.

O fato é que a ladroagem do Cunhão continua impune. Nossa democracia sofre apenas um arranhão para que os quarenta ladrões coloquem nossa economia nos trilhos e prendam Ali Baba que ousou tocar no tesouro dos ladrões. O fato é que viveremos mil e uma noites no inferno.
Mas “suas excelências” preferem se preocupar com a pipoca do cinema e tão se lixando para que o milho da nossa jovem democracia exploda. 

(Edmar) 


O afastamento de Cunha na quinta feira, depois do artigo escrito, foi a vera ou de brincadeira?

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