(Geraldo Borges)
Jamais esquecerei o Liceu
Piauiense. Nome mais fácil de pronunciar
do que Zacarias de Góis, personalidade que
marca sua presença oficialmente no pátio do colégio, na figura de um busto de
bronze. Talvez os estudante do Liceu nem
estejam tão atentos à sua biografia.
Pois bem. O Liceu representa um momento importante na minha
vida escolar. Conheci-o no seu período áureo, em 1952, quando a Praça
Landri Sales era apenas um largo, cheio de arvores, grutas de pedra, uma
áreas de capim onde a gente jogava futebol, e
era conhecida popularmente como “Baixa da Égua.”
Nesse colégio, fiz o
exame de admissão ao ginásio.Tive como professor de educação física o Al lebre; Cunha e Silva era o nosso professor de história. Não dava nota
baixa aos seus alunos. Ninguém era reprovado em história com ele. Seu livro
predileto, recomendado era Historia
Geral de Antonio José Borges Hermida.
Muitas figuras que ainda são lembradas na historia cultural
piauiense foram meus professores.
Arimethea Tito Filho. R. N. Monteiro de Santana, Lapa, Lisandro, Chico
Cesar. João Alfredo, famoso mestre em História da America. Terminou indo mais
tarde para a Universidade. Não sei como ele conseguia pronunciar os nomes
bizarros das cidades pré-colombianas dos
Incas, dos Mais e Astecas.
Havia uma
singularidade no Liceu que eu ia me esquecendo. Quem passava com a nota melhor,
logo no primeiro ano, recebia uma bolsa de estudo para o resto do ginásio e o clássico ou cientifico no Colégio Pedro Segundo. Um colega nosso da rua Campos Sales conseguiu
essa proeza.
O Liceu encolheu-se à sombra cinzenta de seu prédio,
em plena decadência. Agora, parece que ressuscitou. Está novinho em folha. Fizeram
uma reforma em seu prédio. Aumentaram o numero de salas de aula e outras
dependências. Consertaram o telhado. O negócio
é saber se vai funcionar a contento dos alunos e professores. Ou é só
aparência. Nem sempre novas estruturas que dizer novas perspectivas. Que o novo
Liceu está cheio de fantasmas do passado nesses tempos aonde a escola já não é mais risonha e franca, e os professores estão quase sempre em greve, e os alunos desmotivados.
Estamos em pleno inverno, estação das chuvas no Nordeste. E
as goteiras voltaram a aparecer no telhado do prédio do Liceu.
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