domingo, 3 de maio de 2015

RAZÃO NENHUMA


Era uma voz diferente da sua.
A cara pintada com fuligem, 
a pele macilenta, os olhos de

um negro antigo, sem penumbra.

Penso em meus dramas mais íntimos
como uma noite quilombola.

Sou branco, de uma palidez
aturdida pela cal das eras. Mas
tenho fome de cores e a carne
não me basta.

Por isso ouço aquele canto
como quem engole o vento
ante a tela.


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desenho: Gabriel Archanjo




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