Outro dia tive conhecimento de uma apresentação Power Point
em português de Portugal que comparava invasão de fronteiras em diferentes
países. A moral da história é que a invasão de fronteira em vários países
periféricos e/ou em conflito geravam punições severas, enquanto a “invasão” das
fronteiras da Europa era premiada com abrigo, assistência, ajuda financeira.
Algo como o nosso “casa, comida e roupa lavada”. A apresentação que circula no
território livre da internet é um “protesto” europeu ante a facilidade de
migração para o mundo civilizado. Engraçado que reivindicavam um comportamento
de países “não civilizados” para lidar com a migração.
Uma atitude fascista como é comum no comportamento europeu
de classe média. A xenofobia odeia os migrantes africanos a os culpa pelas
dificuldades econômicas que o mundo atravessa. Não se quer perceber que a
prosperidade europeia foi fruto dos saques coloniais de cruel dominação aos
povos africanos. E que os africanos espoliados buscam na civilização as
migalhas das riquezas que lhe foram roubadas.
E o mundo assiste insensível à travessia da morte que vitima
africanos no Mediterrâneo. Uma cena cruel: náufragos agarrados em cadáveres que
boiavam chegam à costa europeia após desastre ao mar. Os traficantes de escravos
modernos recebem o pagamento antes da travessia, de modo que não se importam
com o resultado da mesma. A sobrevivência de embarcações superlotadas é puro
sorteio dos deuses.
O mundo civilizado exigiu um acolhimento melhor a estes
náufragos. Reuniões foram feitas pelos políticos para o “abrigamento” mais
civilizado das vítimas. Patrulhar o mar para recolher os condenados antes do
naufrágio. Mas, ao mesmo tempo, ter como missão recolher os barcos e os
inutilizar para evitar sua reutilização. Assim evitam-se novos náufragos, mas
dificulta-se a migração, atendendo – de certo modo – os autores do protesto
iniciais. Como dizer que o mundo civilizado mantém-se com uma dose de
xenofobia.
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