Edmar Oliveira
20 anos depois da Rio 92 a revolução tecnológica tomou conta
do planeta, ele ficou bem menor e mostrando que corremos perigo de sermos
postos da casa pra fora. Mas o capitalismo “serial killer” continua com seus
assassinatos programados a caminho de suicídio final. Não percebe que qualquer
parasita mata a sua razão de viver. Ou talvez seja da sua natureza do signo do
escorpião.
A Rio+20 acabou de acontecer num momento complicado.
Exatamente quando a Europa mergulha numa crise cíclica que caracteriza o
regime, perigando acabar com o sonho do euro. Na Grécia um cartoon ironizava a respeito de quem ganhou as eleições: a Alemanha! - era a resposta. A
Espanha assiste a quebradeira corroer a economia simbolizada numa foto em que
todos os apartamentos de um prédio estão à venda ao mesmo tempo. E quando todo
mundo vende não existem os compradores. Um torcedor português, em plena Eurocopa,
manda a seleção às favas porque ele está desempregado e, evidentemente,
desesperado. Ainda bem que Hollande, recém-empossado na França, revogou o
aumento da idade de aposentadoria impingido por Sarkozy. Entretanto na Alemanha
o ovo do nazismo começa a chocar. A crise cíclica do capitalismo, velha
conhecida do esquecido Marx, varre o mundo antigo, enquanto aqui queríamos
discutir o “desenvolvimento sustentável”. Os ricos querem o direito de explorar
o planeta a qualquer custo e isto foi declarado na ausência dos líderes mais importantes. “Melaram”
a conferência que podia ter valido a pena. Será?
Uma mistura explosiva da filosofia e da ciência afirma que o
planeta entrou numa nova era geológica, na qual a presença humana interfere diretamente
nas eras globais. Recuperam o conceito de “Antropoceno” criado no início do
século por Paul Crutzen (Prêmio Nobel de Química de 1995). Tal era global teria
marco inicial em 1800, cuja primeira etapa iria até 1945. Essa etapa seria
movida pela Revolução Industrial e suas consequências. A segunda fase,
denominada de “Grande Aceleração”, situa-se entre 1950 a 2000. Nesse curto período
a população dobrou de três para seis bilhões e a quantidade de automóveis de 40
para 800 milhões. Menos de dois bilhões de pessoas apropriam-se de todos os
bens produzidos. Quatro bilhões vivem na pobreza, e mais de um bilhão em
miséria absoluta. Porque já somamos sete bilhões e alguns trocados. Numa terceira fase teríamos o “antropoceno consciente de si
mesmo”, a partir de 2000, cujas regras deveríamos começar a combinar nesta
Rio+20.
Eu, com meus botões conversadores, temo pelo “antropoceno
suicida”, provando a máxima do Millor Fernandes (que se foi antes que fosse
tarde) que “o ser humano é inviável”. Uma minoria vai exaurir o planeta muito
antes de que a maioria perceba e possa fazer alguma coisa. Engels disse muito
lá atrás que o capitalismo carrega um dilema: o socialismo ou o caos. Rosa
Luxemburgo trocou o caos por barbárie e o velho Marx tinha falado em tragédia
total com o “apodrecimento da história”. Ninguém pode dizer que não foi
avisado que o pessimismo também passou na cabeças dos que pregavam um novo mundo.
Os diversos povos reunidos na Rio+20 devem fazer mais
barulho. E até que fizeram um carnaval pela cidade. Mulheres tocaram o bumbo com o peito aberto, um índio foi fotografado tentando acertar com uma flecha os seguranças do BNDS. Simbolismo barulhento. Se esse for por nada, outros deverão gritar mais alto. A comédia de Shakespeare
faz barulho por nada há mais de 400 anos...
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