O olhar pousa firme na cacimba
Nascida por milagre em terra árida
Povoada de arbustos secos e de pedras
Onde pastam famintas cabras
A água trêmula borbulha em círculos
Vulcão líquido em plena caatinga
Esse pulsar de vida em gozo
Parindo aos trancos as entranhas
O olhar vê na água a face de quem olha
Tendo ao fundo um horizonte sem nuvem
Num clarinho de pálidos azuis
Por detrás desse olhar que não se molha
Retos raios de solse iluminam e se dissolvem
No voar plano de urubus esquálidos
(Climério Ferreira)
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